Conjecturas - Andréa Bianchi

Cavaleiro dos Andes, andava e andava e andando achava que o fim era eu. Marinheiro de rios, remava e remava e remando pensava
que o fundo era eu. Porteiro do nada, olhava e olhava e olhando acreditava que o portal era eu. Do cavalo Do barco Do portal Tirou promessas e ilus¾es, Desejou e fugiu (A planície dos sonhos...) E viu que era eu, quando já não existia.
Meu cavaleiro rema no nada e se afoga. Meu marinheiro se perdeu em colinas, o gelo e as alturas. Meu porteiro se escondeu na proa, se armou atù os dentes e se trancou por dentro.
Eu?...
Nem fim
Nem fundo
Nem portal.
Sou só risos,
perdôo e desespero;
sou o abismo que fecha
- subterròneo -
as correntes do mar...

(end. site)

LEPRECHAUN Quem é você, mulher de tantas faces? Onde estás que não vejo? O que queres de mim? Por que anseias tanto por tudo? Pediste para descrevê-la E aqui estou eu a te atender Esta faceta desconhecida de mim mesmo Que aos poucos o contorno posso ver Insaciável Incansável Irresistível Insistente Incomum Imprescindível Instantânea	Carlos Hollanda (end. site)
	Pedacinho de felicidade Amuleto da sorte Tal qual o Zeus poderoso Tal qual Hera consorte Que te concede a Bênção de ser A mais bela criatura a viver Não quero a beleza estática De musa e ícone consagrado Quero a tua beleza selvagem A cada ato de amor realizado Tu és intensidade e calor Vulcão indomado Eletricidade e sabor Fúria e ardor Clamor apaixonado
Mas também és delicadeza e perfume Sabedoria e queixume Esperança e persuasão Castidade, luxúria e tesão És assim, pela oposição A força que domina e une A Lua em nossos horizontes Em mim e em ti constrói pontes Amarga a obscenidade da distância Conquista passo a passo a confiança No contato de corpos amantes Cada trajetória Cada detalhe Cada esforço Cada vitória Cada devaneio Cada entalhe Cada endosso Cada esteio
	Tiraste de mim a velhice Tiraste de mim o temor Gargalhaste alto e sem pudor Choraste baixinho e não me disse Tão grande é teu amor Que até pensei não existisse Em ti bate um coração gigante Maior do que tua própria alma Aquieta-te por um instante Mantém perene a calma Olha pro teu céu e entende Que grandeza não se aprende Sem superar o mais profundo trauma Assim te encontras serena Te embalo e pego no colo Como criança, em cobertas te enrolo Contigo a vida vale a pena Entendes a visão do céu e do solo És crescida, sem deixar de ser pequena
Pequenez cativante que aquece Que alivia e enternece Quem te vê não te esquece Quer teu bem e ainda faz prece Agora vem comigo Sou teu amante e amigo Não penses em nossa morte O que nos une é mais forte Transcende até o perigo
	Aqui termino a poesia Saída de uma alma vazia Preenchida por ti, minha amada Nesta estrada empoeirada A distante rodovia Percorrida será um dia E a separação que entedia Será totalmente eliminada.