Conjecturas nasceu muito antes de ter um nome. Era apenas uma forma de expressão de alguém que procurava na poesia um caminho para expor seus sentimentos. Depois o pequeno caderno não foi mais suficiente e veio outro, e outro. Os cadernos manuscritos ficaram muito tempo guardados, até que começaram a perder a timidez.
 
 
A internet, talvez por seu um veículo mais democrático, acabou se transformando numa porta de saída para os meus escritos. Hoje eles andam por aí e eu já nem os conheço mais...
 
Eu também sai da gaveta junto com os cadernos. Deixei de ser um codnome, aquele apelido que saia timidamente de vez em quando num rodapé, para ser eu mesma. De vez em quando ainda volto para a gaveta, na tentativa de resgatar alguma lembrança perdida, uma inspiração talvez.
 
Quando se tem pouca idade, alguma coisa entre nove e doze anos, tudo que escrevemos parece mais de verdade, mesmo que seja uma verdade que dura um dia. Depois o tempo vai passando e toda a verdade é desmentida descaradamente. Chegamos a duvidar que tantas coisas profundas um dia existiram.
 
Mas não posso reclamar do tempo, ele tem caminhado como deve. Se hoje a inspiração me falta para captar o drama, com certeza não falta a vontade de descobrir a comédia nas entrelinhas impossíveis da vida.
 
Se me perguntassem qual a maior vantagem em ser adulto eu diria que é a capacidade de descobrir que nenhuma dor é infinita e nada na vida é tão sério quanto a felicidade.
 
Alguns dizem: "muito riso, pouco siso". E quantas pessoas conservam o siso para toda a vida?
 
Apesar de risonha, levo a vida muito a sério, uma seriedade virginiana, incômoda, que de vez em quando me deixa chata demais, implicante demais. Acho que sou mesmo uma pessoa de muitos defeitos, como todo mundo.
 
Gostaría que conjecturas fossem feitas a partir de Conjecturas, que as pessoas pudessem imaginar comigo como seriam, como são. Na verdade "ser" é uma mutação, ninguém pode dizer com certeza que se conhece, que conhece o outro e que se reconhecerá amanhã quando todos os planos mudarem de direção.
 
Obrigada pela atenção e meu melhor sorriso para você .

 

 
(Rio de Janeiro, 2002)