RIO CONSTELAR
ESCOLA DE ASTROLOGIA

Formação Completa e
cursos de especialização

no Rio de Janeiro
TURMAS EM FORMAÇÃO - QUAL O CURSO QUE VOCÊ GOSTARIA DE FAZER? Conheça o site oficial

DITADURA:
Dossiê das mulheres mortas e desaparecidas políticas a partir de 1964

Bárbara Abramo
FALE COM A AUTORA


Ir para
índice dos
artigos
anteriores

Fique atento à nossa agenda ou então assine nosso boletim informativo clicando na imagem abaixo:


 

 

Digitação, revisão e edição: Bárbara Abramo - 18/02/97

NOTA DA AUTORA:

Os dados que se seguem foram obtidos junto a diversas instituicoes que cuidam do assunto. Há material ainda mais completo e especifico em algumas fontes. O presente trabalho serviu como texto de apoio para as comemorações oficiais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por ocasião do “Dia Internacional da Mulher” nos anos 90 do século XX. Dai as citações exclusivas de dados biográficos de mulheres.

Barbara Abramo


Comissão de Familiares e Mortos e Desaparecidos Políticos - Instituto de Estudos da Violência do Estado - IEVE
Grupo Tortura Nunca Mais - RJ/PE
Governo do Estado de São Paulo
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado - 1996

Constelar - Última edição Astroletiva

História, imagem e narrativas:
Uma nova proposta e uma leitura plural para fontes visuais e representações literárias

Nossa revista é uma iniciativa que visa difundir e incentivar estudos interdisciplinares, com enfoque no uso de imagens como fontes históricas e suas diversas potencialidades narrativas (...) Leia mais



Mortes Oficiais

1968
Maria Angela Ribeiro

Morta a tiros pela polícia carioca em 21 de junho de 1968, que reprimia manifestações de rua realizadas naquele dia.

1970
Alceri Maria Gomes da Silva

Nasceu em 25 de março de 1943 em Porto Alegre/RS. Foi morta em São Paulo, em companhia de Antônio dos Três Rios Oliveira, quando sua casa foi invadida por agentes dos órgãos de segurança. O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que Alceri foi ferida e veio a falecer posteriormente em 17 de maio de 1970. O laudo necroscópico foi realizado pelos médicos legistas João Pegenoto e Paulo Augusto A.Rocha.

A família foi informada de sua morte pelo detetive da Delegacia de Canoas/ RS, apelidado de “Dois Dedos”, sem que lhes fosse dado nenhum detalhe da morte. A família também não recebeu atestado de óbito nem informações sobre o local de sepultamento.

1971
Iara Iavelberg

Nasceu em 7 de maio de 1944, em São Paulo. Foi morta em 20 de agosto de 1971 em circunstâncias ainda não esclarecidas, em Salvador, Bahia.

Existem diferentes versões de sua morte. A versão oficial relata que teria sido assassinada após tiroteio com policiais do DOI/CODI do Rio de Janeiro, deslocados até Salvador para prendê-la. Iara teria se refugiado no banheiro da casa vizinha à sua, na tentativa de escapar da perseguição; localizada, suicida-se com um tiro na cabeça. Em outra versão, dada por companheiros e baseada em testemunhos de pessoas que assistiram à prisão e/ou a morte de Iara, ela teria sido levada até o DOPS local, onde estavam detidas outras pessoas. Estes presos teriam escutado os gritos que identificaram como sendo de Iara. O Relatório do Ministério da Marinha afirma que ela foi morta em Salvador/BA, durante uma ação de segurança.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica relata que Iara suicidara-se em 6 de agosto de 1971, no interior de uma residência em Salvador/BA, quando a mesma foi cercada por forças policiais. A certidão de óbito foi assinada pelo Dr. Charles Pittex, em 20 de agosto de 1971.

1. DOI/CODI - Departamento de Operações Internas - Centro de Operação de Defesa Interna, órgão conjunto de diversos serviços de informação - Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícias Militares, Polícia Federal, Polícias Civis, criadas em todos os Estados a partir da experiência OBAN/SP - Operação Bandeirantes, órgão conjunto dos diversos serviços de segurança - precursora do DOI/CODI.
2. DEOPS ou DOPS - Departamento (Estadual) de Ordem Política e Social - órgão de repressão política a cargo da Polícia Civil.

1971
Marilene Vilas-Boas Pinto

Nasceu em 8 de julho de 1948 no Rio de Janeiro. Foi presa em 2 de abril de 1971, nas câmaras de tortura do DOI/CODI -RJ, após ter sido ferida durante um tiroteio ocorrido na Rua Niquelandia número 23, naquela cidade. Veio a falecer posteriormente.

O atestado de óbito foi feito pelo Hospital Central do Exército e assinado pelo médico Rubens Pedro Macuco Janini no dia 3 de abril de 1971.

1971
Nilda Carvalho Cunha

Estudante secundarista, presa em 20 de agosto de 1971, Salvador/BA, por ocasião da morte de Iara Iavelberg, presa dos agentes do DOI-CODI, liberada em 12 de novembro, profundamente debilitada em consequencia de torturas sofridas durante a prisão. Morre com sintomas de cegueira e asfixia, em consequencia de envenenamento durante a prisão, em 14 de novembro de 1971. Sua mãe, desesperada com a morte da filha passou a fazer denuncias e protestos em praça pública; certo dia apareceu inexplicavelmente enforcada.


1972
Ana Maria Nacinovic Corrêa

Nasceu em 25 de março de 1947 e morreu em 16 de outubro de 1973. Em depoimento sua mãe conta :

“Ana Maria foi metralhada e morta na Moóca, 14 de junho de 1972… com ela morreram Marcos Nonato da Fonseca e Iúri Xavier Pereira”.

No dia de sua morte, Ana Maria almoçava com Marcos, Iúri e Antônio Carlos Bicalho Lana no Restaurante Varella, propriedade de Manoel Henrique de Oliveira, quando o mesmo reconheceu suas fotos afixadas em cartazes de “Procurados” , feitas na época pelos órgãos de segurança, e telefonou para o DOI/CODI - SP. Agentes do DOI/CODI, certificados da presença daquelas pessoas no restaurante, cercaram-no com contingente policial e fuzilaram Iúri e Marcos Nonato. Ana Maria, ainda viva, gritava de dor quando foi fuzilada e teve seu corpo estraçalhado. A população, aglomerada em volta, presenciou ato contínuo de tortura: policiais jogam o corpo de Ana Maria de um lado para o outro, para o alto, deixando-a cair no chão. Descobrindo seu corpo ensangüentado, desfecharam coronhadas de fuzis sobre seu cadáver. O mesmo foi feito com os corpos de Iuri e Marcos Nonato. Antônio Carlos Bicalho Lana escapou ferido do local e veio a morrer em 30 de novembro de 1973.

A população da Moóca esboçou reação de protesto, tentando elaborar um abaixo-assinado contra o episódio e encaminhar ao então Governador do Estado. Mas devido ao clima de perseguição instaurado pela ditadura militar a iniciativa é posta de lado.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que Ana Maria foi ferida após assalto, resistindo à voz de prisão, de onde saiu gravemente ferida, falecendo posteriormente. O laudo de necropsia foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitch e Abeylard de Queiroz Orsini.

Apesar de oficialmente morta em 16 de outubro de 1973, Ana Maria foi condenada à revelia a 12 anos de prisão pelo artigo 28 do Decreto Lei num. 898/69.

1972
Aurora Maria Nascimento Furtado

Nasceu em 13 de junho de 1946 em São Paulo. Foi morta em 10 de novembro de 1972 no Rio de Janeiro. Era estudante de Psicologia da Universidade de S. Paulo.

No dia 9 de novembro de 1972, durante uma batida policial executada pelo 2o Setor de Vigilância Norte - Parada de Lucas-RJ refugia-se num ônibus, onde foi aprisionada. Torturada na presença de populares, foi depois conduzida à Invernada de Olaria. Ali foi torturada com “pau-de-arara” e choques elétricos, e a “Coroa de Cristo” - torniquete que esmaga aos poucos o perímetro craniano. Esta ação foi executada em conjunto por policiais do DOI/CODI e do Esquadrão da Morte. Após as torturas, seu corpo, crivado de balas, foi abandonado na esquina das Ruas Adriano e Magalhães Couto, no bairro do Meier, no Rio de Janeiro. A necropsia, datada de 10 de novembro de 1972, foi assinada pelos médicos legistas Elias de Freitas e Salim Raphael Balassiano e atesta ferimentos penetrantes na cabeça com dilaceração cerebral. No dia 11 de novembro de 1972 foi reconhecida no IML/RJ por seu pai, que a traslada para São Paulo com ordens expressas para não abrir o caixão lacrado. Esta ordem não foi acatada pela família, que consegue realizar novo exame no IML que demonstra inúmeros sinais de torturas, queimaduras, cortes profundos, hematomas, afundamento de crânio pelo uso da “coroa de Cristo”, que foi a causa da morte.

Não há referência à sua morte em Relatórios dos três Ministérios militares.

1972
Gastone Lúcia Beltrão

Nasceu em 12 de novembro de 1950 em Alagoas. Foi morta em 21 de janeiro de 1972. A versão oficial de sua morte relata que Lúcia foi fuzilada na Avenida Lins de Vasconcelos, bairro do Cambuci, S. Paulo, após reagir à voz de prisão, em uma operação chefiada pelo então Delegado Sérgio Fleury.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica atesta falecimento no dia 22 de janeiro de 1972, após tiroteio com agentes de segurança de São Paulo/ SP. Outro Relatório, expedido pelo Ministério da Marinha, descreve a mesma versão, sem data. No Arquivo da Polícia Técnica existem várias fotos que precisam e documentam o local da morte: Rua Heitor Peixoto esquina com Rua Inglês de Souza.

1972
Maria Regina Lobo Leite Figueiredo

Nasceu em 1939 e foi morta em 29 de março de 1972. Formada em Filosofia pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil/RJ. Era casada com Raimundo Gonçalves Figueiredo, morto em 28 de abril de 1971.

Morreu em decorrência de tiroteio realizado por ação do DOI/CODI-RJ, na companhia de Lígia Maria Salgado Nóbrega e Antônio Moraes Pinto de Oliveira, na casa em que estavam, na Av. Suburbana no 8988 - casa 72, bairro do Quintino, RJ. Na guia no 2 despachada pelo DOPS e enviada ao IML foi dada como desconhecida morta em tiroteio. A necropsia, datada de 30 de março de 1972 e assinada pelos médicos Eduardo Bruno e Valdecir Tagliari, confirmam a versão oficial. Nesse dia é identificada através de ficha do Instituto Félix Pacheco do Rio de Janeiro. Foi reconhecida por suas irmãs em 7 de abril de 1972. As fotos e o laudo da perícia de local no. 1884/72 e a Ocorrência no 264/72 do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, do Rio de Janeiro, mostram o corpo baleado. Testemunhas declaram que após ter sido baleada, Maria Regina foi levada ao DOI - CODI onde veio a falecer posteriormente, tendo sido inclusive levada ao Hospital Central do Exército.

1972
Lígia Maria Salgado Nóbrega

Nasceu em 30 de julho de 1947 em Natal, no Rio Grande do Norte. Foi assassinada em 29 de março de 1972, durante tiroteio, juntamente com Maria Regina Lobo de Figueiredo e Antônio Marcos Oliveira, na casa em que se encontravam - Av. Suburbana, no 8988 - casa 72, Bairro Quintino, RJ - por meio de uma ação chefiada pelo DOI-CODI/RJ.

No dia 30 de março de 1972 o corpo de Lígia chega ao IML/RJ sendo dada como desconhecida pela guia no 1 - DOPS/RJ. Foi reconhecida depois pelo irmão. As fotos e o laudo da perícia local no 1884/72 e a Ocorrência no 264/72 do Instituto de Criminalística Carlos Éboli /RJ afirma que o corpo estava baleado. A necropsia, assinada pelos médicos legistas Eduardo Bruno e Valdecir Tagliari confirmaram a versão oficial de tiroteio. No dizer da família,

…”morreu acreditando num Brasil mudado, no seu povo feliz, fruto da justiça social e da paz. Lígia Maria, assim como outros brasileiros, jogou tudo, inclusive a vida, na tentativa de mudar os destinos deste nosso Brasil”.

1972
Lourdes Maria Wanderley Pinto

Nasceu em 31 de março de 1943 em Olinda, PE e foi morta em 29 de dezembro de 1972 no Rio de Janeiro. Não concluiu seus estudos por causa de seu envolvimento político, que se iniciou em 1968.

No dia 23 de fevereiro de 1969 casa-se com Paulo Pontes e devido às repressões políticas mudam-se para Natal/RN. Em fevereiro de 1970 mudam-se para Salvador/BA, quando Paulo Pontes é preso e então muda-se para o Rio de Janeiro. No dia 29 de dezembro de 1972 foi morta no Rio em circunstâncias ainda não esclarecidas,juntamente com Valdir Sales Saboya. Segundo os órgãos oficiais foram mortos em um “aparelho” -casa que abrigava combatentes do regime - na rua Sargento Valder Xavier Laima, no 12, fundos. No dia 31 de dezembro de 1972 deu entrada no IML como Luciana Ribeiro de Almeida, segundo consta da guia no 08 do DOPS. A necropsia, assinada pelos médicos Roberto Blanco dos Santos e Hélder Machado Paupério confirmam a versão oficial, de morte por tiroteio. O óbito no 142960, feito em nome de Luciana - consta como declarante José Severino Teixeira. O laudo de ocorrência no 986/72 e as fotos da perícia de local do Instituto de Criminalística Carlos Éboli/RJ mostram Lourdes nas dependências da casa da rua Valder Xavier de Lima. Algumas fotos mostram-na usando relógio de pulso, outras não. No dia 26 de fevereiro de 1973 foi enterrada como indigente com o nome de Luciana. Em 10 de abril de 1978 seus restos mortais foram levados para o ossário geral e entre 1980/81 para a vala clandestina, junto com cerca de 2 mil outras ossadas.

1972
Míriam Lopes Verbena

Foi morta em 8 de março de 1972, juntamente com Luís Andrade de Sá e Benevides, perto de Caruaru/PE, em ação realizada pela Polícia Federal. Pesquisas do DOPS/PE indicam que Míriam e Luís foram mortos por acidente de carro.

1973
Anatália de Souza Alves Melo

Nasceu em 9 de julho de 1955 em Frutuoso Gomes/RN. Concluiu o segundo grau em Mossoró, onde residiu até 1969, casando-se com Luíz Alves Neto. Mudam-se para o Recife, atuando politicamente na Zona da Mata/PE, junto às Ligas Camponesas. Presa com o marido em 17 de dezembro em 1972, levados ao DOPS de Recife e em 13 de janeiro de 1973 foram torturados. Encontrada morta carbonizada na cela no dia 22 de janeiro. Não se sabe ao certo como ocorreu sua morte. Versão oficial: suicídio.

1973
Pauline Philipe Reichstul

Nasceu em 18 de julho de 1947 na antiga Checoslováquia e morreu em 8 de janeiro de 1973. Foi assassinada sob tortura juntamente com Eudaldo Gome da Silva, Evaldo Luís Ferreira, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Soledad Barret Viedman, no massacre da Chácara São Bento, município de Paulista/PE. Foi assassinada pela equipe do Delegado Sérgio Fleury, com o auxílio do ex-cabo Anselmo, agente de segurança infiltrado em movimentos de resistência às ações da ditadura militar, que crivaram de balas os cadáveres das seis pessoas e jogaram várias granadas na casa, tendo como objetivo aparentar violento tiroteio, com a alegação de que ali se realizava congresso subversivo. Na versão oficial consta que José Manoel da Silva, preso, teria conduzido policiais ao local, sendo morto pelos próprios companheiros no tiroteio, em que escapou Evaldo Luís Ferreira de Souza, localizado no dia seguinte em Olinda/PE. Este teria resistido à prisão e assassinado. Consta ainda que Jarbas Pereira Marques teria morrido no local. Pauline e os demais morreram em conseqüência dos ferimentos recebidos. A realidade é que todos foram torturados e mortos na própria chácara pela ação da equipe do Delegado Sérgio Fleury.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que Pauline faleceu em 8 de janeiro de 1973 em Recife/PE ao reagir à ordem de prisão, travando intenso tiroteio com agentes de segurança, falecendo em conseqüência dos ferimentos.

1973
Ranúsia Alves Rodrigues

Nasceu em Garanhuns/PE, morreu em 28 de outubro de 1973. Presa no 30o Congresso da UNE - União Nacional dos Estudantes - em 1968, em Ibiúna/SP. Assassinada em 28 de outubro de 1973, juntamente com Almir Custódio de Lima, Ramirez Maranhão do Vale e Vitorino Alves Moitinho. Carbonizada na praça Sentinela - Jacarepagua/RJ. Laudo e fatos de perícia de local - Ocorrêcia num. 947/73 e ICE num. 6995/73 mostram-na metralhada ao fundo um Volkswagen incendiado, onde estavam carbonizados outros companheiros. (Informação num. 2805- I Exército de 29 de outubro de 1973). Do Arquivo do DOPS/RJ: presa no dia 27 de outubro de 1973 desde o dia 8 estava sendo perseguida com sus companheiros. O documento descreve farta documentação encontrada em seu poder, depoimentos e morte de seus companheiros. Necropsia: Médicos Hélder M Paupério e Roberto B dos Santos. Versão oficial: repressão e morte em tiroteio ao tentar reagir.

1973
Soledad Barret Viedma

Nasceu em 6 de janeiro de 1945 no Paraguai e morreu em 8 de janeiro de 1973.

Quando adolescente, foi morar exilada no Uruguai, onde era militante. Em 1o de julho de 1962 , no início da onda de perseguições , prisões e torturas naquele país, Soledad foi raptada por grupo neonazista, colocada em automóvel e, sob ameaça, obrigada a gritar palavras de ordem contrárias às suas idéias. Negando-se, gravaram com uma navalha, no seu corpo a cruz gamada - símbolo do nazismo hitlerista - abandonando-a depois no parque zoológico de Villa Dolores. Casou-se com José Maria Ferreira de Araújo, com quem teve uma filha. Ele retorna ao Brasil e desaparece. Depois de aguardar a volta do marido por mais de um ano, resolve vir encontrá-lo.

Sua irmã Namy Barret, no Boletim “Hasta Encontrarlas!”,publicação da Federação Latino-americana de Familiares de Desaparecidos - FEDEFAM, ano IX, no 46, maio-junho/1991 relata:

Em 8 de janeiro de 1973, assassinada, grávida de 4 meses, sob tortura no massacre da Chácara São bento, município de Paulista/PE, pela equipe do Delegado Fleury, auxiliado pelo ex-cabo Anselmo, elemento infiltrado em movimentos de resistência à ditadura, juntamente assassinados Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira.

Os Relatórios dos Ministérios da Marinha e da Aeronáutica afirmam que foi morta em Paulista/PE em 8 de janeiro de 1973, ao reagir a tiros e ordem de prisão dadas pelos agentes de segurança.

1973
Sônia Maria Lopes de Morais

Nasceu em 9 de novembro de 1946 em Santiago do Boqueirão/RS. Foi morta em 30 de novembro de 1973. Estudante de Economia e Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi desligada do estabelecimento pela Portaria 53 de 24 de setembro de 1969. No dia Primeiro de Maio de 1969 foi presa em manifestação na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. Foi levada ao DOPS e posteriormente ao Presídio Tiradentes. Em 6 de agosto de 1969 foi julgada e absolvida pelo Superior Tribunal Militar. Era casada com Stuart Edgar Angel, que foi assassinado depois de torturado na Base Aérea do galeão/RJ em 14 de junho de 1971, e seus despojos estão desaparecidos. Em maio de 1970 Sônia Maria exila-se na França. Com a prisão e desaparecimento de seu marido, volta ao Brasil, retornando à luta de resistência. Viaja ao Chile, retornando clandestinamente ao Brasil. Em novembro de 1973 foi presa em São Vicente/SP por agentes do DOI/CODI-SP, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana. Em 30 novembro de 1973 foi assassinada sob tortura juntamente com seu companheiro. Foi enterrada como indigente e com nome trocado no Cemitério Dom Bosco em Perus/SP.

As versões sobre sua morte:

O ex-comandante do DOI-CODI/Brasília e o Cel. Carlos Alberto Brilhante Ulstra, comandante do DOI-CODI/SP afirma que ela foi presa pelo DOI-CODI/SP e transferida para o DOI-CODI/RJ onde foi estrupada com um cassetete, que provocou hemorragia interna. Retorna a São Paulo assassinada com 2 tiros. O Sargento Marival Chaves - DOI-CODI/SP - afirmou que Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para uma casa de torturas na Zona Sul de São Paulo. Aí permaneceram de 5 a 10 dias, até morrerem no dia 30 de novembro de 1973. Seus corpos foram expostos à porta do DOI-CODI/SP para servir de exemplo e justificar as mortes como conseqüência de tiroteio, na versão oficial.

A autópsia assinada pelos médicos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine declara perfurações a bala. O crânio sofreu corte característico da autópsia, sendo o corpo detidamente examinado ( sem comentários de tortura). O documento da Polícia Civil do Arquivo do antigo DOPS/SP relata que consta arquivada nesta divisão cópia do Laudo do Exame necroscópico referente à epigrafada com data de 20 de novembro de 1973 ( morta em 20 ou 30 de novembro). A família, através de processo no 1483/79 na 1a Vara Civil/SP obtem a correção da identificação do nome e do registro de óbito. Em 1981 os restos mortais foram transladados para o Rio de Janeiro. Em 1982 a família processou o médico legista Harry Shibata do IML/SP e exigiu a apuração das reais circunst6ancias da morte. Na declaração consta a morte, o atestado de óbito registrado com nome falso e o laudo com nome verdadeiro. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo, consta que a descrição do laudo necroscópico de que houve corte no crânio não é verdadeira, sendo esta descrição apenas questão de praxe.

A pedido da família, o IML/RJ executa exumação dos restos mortais enterrados no Rio de Janeiro, constatando ser de um cadáver masculino. Após estes resultados procedem-se a várias exumações de restos mortais no cemitério de Perus/SP. Na 6a exumação apresenta-se um crânio sem corte característico da autópsia e a família desconfia de mais um engano do IML/SP. Os restos mortais identificados pela Universidade de Campinas - UNICAMP/SP confirmam como sendo de Sônia Maria, estando de acordo com as declarações do médico legista Harry Shibata - CPI-Camara Municipal de São Paulo.

Em 11 de agosto de 1991 os restos mortais de Sônia Maria Lopes foram trasladados para o Rio de Janeiro.

“…as afirmações sobre torturas, estrupo, arrancamento dos seios de Sônia Maria e os tiros, me foram prestadas pessoalmente pelo Cel Canrobert Lopes da Costa e pelo advogado Dr. José Luiz Sobral…”

João Luiz de Morais -Tenente Coronel da Reserva do Exército/ pai de Sônia Maria.

1980
Lídia Monteiro da Silva

Nasceu em 5 de dezembro de 1920 em Niterói/RJ. Morreu dia 27 de agosto de 1980 no Rio de Janeiro.

Em 1936 ingressa como funcionária na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RJ.

Em 27 de agosto de 1980 foi morta durante a “Operação Cristal”- organizada por extremistas de direita - por uma explosão de carta-bomba endereçada ao presidente da OAB/RJ, Eduardo Seabra Fagundes, do qual era secretária. O Registro de Ocorrência no. 0853 da 3a DP atesta morte por ato de sabotagem ou terrorismo. Na mesma ocasião foi ferido o funcionário José Ramiro dos Santos. O óbito no 313 foi assinado pelo Dr. Hygino C Hércules do IML/RJ e o declarante foi Joaquim Alves Costa. Em 28 de agosto de 1980 houve o enterro no Cemitério São João Batista, no Rio, com grande participação dos movimentos sociais e cobertura da imprensa.

1983
Margarida Maria Alves

Trabalhadora rural, rendeira, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoas/Grande Paraíba.

Destacou-se pela defesa dos direitos do trabalhador sem-terra, pelo registro em carteira, jornada de 8 horas, 13o salário e outros direitos. Em 13 de agosto de 1983 foi assassinada por jagunços a mando de latifundiários da região.

Margarida porque tinha
trabalho de consciência
saiu deixando um trabalho
por outro de mais urgência
sem saber que os patrões
usariam da violência.

(homenagem à Margarida de Raimundo Francisco de Lima - presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de São Pedro/RN)

Desaparecidas no Brasil

Ana Rosa Kucinski Silva

Nasceu em 12 de janeiro de 1942 em São Paulo/SP. Era professora universitária no Instituto de Química da USP/SP. Em 22 de abril de 1974 desapareceu com seu marido Wilson Silva. As famílias impetraram habeas corpus na tentativa de localizá-los. Nos arquivos do antigo DOPS/SP há uma ficha onde se lê: presa no dia 22 de abril de 1974 em São Paulo. O Relatório do Ministério da Marinha faz referências caluniosas à sua pessoa.

Em 10 de dezembro de 1974 foi feito um pedido de investigação à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Meses depois a OEA afirmava que tendo consultado o Governo brasileiro, este declinava de qualquer responsabilidade no episódio. Em dezembro de 1974 o Gal. Golbery do Couto e Silva reconheceu que Ana Rosa se encontrava presa em instituição da Aeronáutica. O Governo americano, através de seu Departamento de estado deu informações à família de que Ana Rosa estaria presa em local não sabido e seu marido provavelmente morto.

Em audiência solicitada por Dom Paulo Evaristo Arns (Arcebispo Metropolitano de São Paulo), as famílias dos desaparecidos políticos estiveram com o Gal. Golbery do Couto e Silva, posteriormente com o Ministro da justiça, Armando Falcão, em Brasília. A nota oficial informa sobre os “desaparecidos políticos” e inclui na lista de nomes pessoas que foram dadas como desaparecidas. A nota do Ministério alga que o casal era terrorista e estava foragido. Amilcar Lobo, psiquiatra envolvido com torturas no Rio de Janeiro, em entrevista com minha pessoa, denunciou assassinatos políticos - reconheceu nas fotos Wilson Santos que atendia após sessão de tortura. O reconhecimento de Ana Rosa foi positivo, mas não categórico.

Depoimento (adaptado) de Bernardo Kucinski, irmão de Ana Rosa.

Ísis Dias de Oliveira

Nasceu em 29 de agosto de 1941 e desapareceu em 1972. Em 1965 entra em Ciências Sociais na USP, onde começa sua militancia política estudantil. Depois de trancar a matrícula na faculdade (1967) muda-se para o Rio de Janeiro (1970) e no dia 30 de janeiro de 1972 é presa nesta cidade.

Sabe-se que o trânsito de Ísis pelos órgãos de repressão incluiu o DOI-CODI/RJ, a base aérea de Cumbica/SP, a Ilha das Flores/RJ, o Centro de Informações da Marinha - CENIMAR, o Aeroporto do Campo dos Afonsos no Rio.

A família impetrou 5 habeas-corpus mas sua prisão é negada, dando-a como foragida. Em 1979 um general dos órgãos de segurança reconhece a morte de Ísis e de 11 presos políticos considerados desaparecidos (Folha de S. Paulo- 28/01/1979). O psiquiatra Amilcar Lobo, que trabalhara para os órgãos de segurança, afirma reconhecer Ísis no DOI-CODI/RJ, sem precisar em que data.(Revista Isto É, 8/4/1987). No Arquivo do DOPS/PR foi encontrada sua ficha de identidade onde constava estar falecida. Os Relatórios da Marinha e do Exército afirmam que está foragida.

“até hoje estou esperando saber o que eles fizeram com minha filha Isis…”
Felícia Mardini de Oliveira

Ieda Santos Delgado

Nasceu em 9 de julho de 1945 no Rio de Janeiro e desapareceu desde 1974. Era advogada, funcionária do Depto Nacional de Produção Mineral do Ministério das Minas e Energia/RJ até sua prisão. Foi presa em 11 de abril de 1974 em São Paulo. O Relatório da Marinha refere-se a informação veiculada que ela teria sido detida em 18 de abril de 1974, não constando qual a autoridade ou órgão responsável por sua prisão (Jornal da Tarde, 29/10/1974).

Maria Augusta Thomaz

Nasceu em 14 de novembro de 1947 em Leme/SP. Desapareceu em maio de 1973. Estudava no Instituto Sedes Sapientiae da PUC/SP, estando envolvida com militancia política estudantil. Em 1968 foi indiciada em Inquérito Policial 15/68 por sua participação no XXX Congresso da UNE em Ibiúna/SP. Recebeu mandato de prisão expedida pela 2a Auditoria da 2a Região Militar (14/01/1970). Foi condenada à revelia a cumprir 17 anos de prisão (Processo 06/70 de 29/09/1972)e também a mais 5 anos, também à revelia requerido pela 2a Auditoria da 2a Circunscrição de Justiça Militar (Processo 100/72). Foi morta em combate na companhia de Márcio Beck Machado entre as cidades de Rio Verde e Jataí/GO (maio de 1973). Agentes do DOI/CODI/SP comentam com presos políticos que se encontravam naquele órgão policial que os dois haviam sido mortos, sem admitir oficialmente. Três anos depois de morta foi absolvida pelo Superior Tribunal Militar por falta de provas concretas(27/08/1976). Um Relatório do Ministério da Marinha (maio/1973) afirma sua morte em tiroteio durante ação de segurança. O Relatório do Ministério do Exército (janeiro/1976) atesta que os nomes de Márcio Beck e Maria Augusta sejam retirados da lista de procurados por serem considerados mortos. Consta que, segundo noticiários de imprensa, teriam sido mortos em confronto com as forças de segurança em Goiás, na Fazenda Rio Verde, em Rio Doce (17/05/1973).

Em documento dos órgãos de repressão encaminhado ao Delegado Romeu Tuma, diretor do DOPS/SP foram assumidas as mortes do casal. As autoridades policiais não informaram as famílias.

Através de depoimentos a jornalistas o casal se encontrava na Fazenda Rio Verde, em Rio Doce/GO, por ocasião de seu assassinato. O fazendeiro Sebastião Cabral e empregado enterraram os corpos, esfacelados por tiros. Policiais recomendaram sepultamento pelo menos a 200 metros do asfalto. No início das investigações (1980) três homens exumaram os corpos, deixando em covas abertas alguns dentes e pequenos ossos.

Heleni Telles Ferreira Guariba

Nasceu em 13 de março de 1941 e desapareceu desde 1971.

Professora universitária, diretora do grupo teatro da Cidade - Santo André/SP de 1967 a 68 e Teatro de Arena/SP entre 1969/70. Foi presa por agentes do DOI-CODI/SP juntamente com Paulo de Tarso celestino da Silva (também desaparecido) em 12 /07/1971. O Relatório do Ministério da Aeronáutica atesta sua prisão em 20 de outubro de 1970 em Poços de Caldas/MG, sendo libertada em 1o de abril de 1971.

O depoimento de Ulisses Telles Guariba Neto - ex-marido de Heleni:

Ulisses Telles Guariba Neto e seu pai general reformado percorreram diversos órgãos de repressão na busca de informações sobre Heleni Guariba. Um dos Delegados do DOPS/SP, Romeu Tuma, informa que tinha sido torturada pelo Capitão Albernaz. Tinha marcas roxas nas mãos e braços, provocadas por choques elétricos. Em início de período menstrual, as torturas provocaram hemorragias. Retirada da Operação Bandeirante (OBAN/SP) - precursora do DOI-CODI), Heleni foi enviada ao Hospital Militar, após 48 horas e encaminhada para o DOPS/SP em fins de abril de 1971, quando foi solta por decisão da Justiça Militar. Em 25 de julho de 1971, recebe telefonema informando sobre a prisão de Heleni no Rio de Janeiro. As informações de Brasília e do Comando do I Exercito do RJ informam que Heleni não havia sido presa, provavelmente teria embarcado para o exterior. Em Relatório sobre a Casa da Morte (Petrópolis/RJ), Inês Etienne Romeu denuncia que heleni Guariba esteve naquele aparelho de repressão (julho 1971) e foi torturada por 3 dias, inclusive com choques elétricos na vagina.

Mortas no Exílio

Cármen Jacomini

Morta em 1977 na França. Participou da guerrilha rural do vale do Ribeira no Sul de São Paulo, liderada por Carlos Lamarca entre 1969 e maio de 1970. A região havia sido cercada por tropas do Exército e da Polícia Militar para combater o grupo, que perfazia 16 guerrilheiros; estes conseguem romper o cerco e fugir. Cármen exila-se no Chile e depois se dirige à França, por ocasião do golpe militar comandado por Augusto Pinochet que depôs o Governo democrático de Salvador Allende(11/9/1973). Em abril de 1977 faleceu em consequ6encia de desastre de automóvel na cidade de Aix-en-Provence, na França.

Maria Auxiliadora Lara Barcellos

Nasceu em 25 de março de 1945 em Antônio Dias/MG e faleceu na Alemanha. Estudante de Medicina da UFMG, teve participação na política de reivindicações estudantis. Foi presa em casa (R Aquidabã, no 1053, Lins de Vasconcelos/RJ)através de denúncia de vizinhos, quando estava clandestina, tendo sido levada ao Quartel da Polícia do Exército juntamente com Chael Charles e Roberto Espinoza. O primeiro foi assassinado por causa da tortura 24 horas depois. Por ocasião do seqüestro do embaixador suíço no Brasil - Giovanni Enrico Bucher - Maria Auxiliadora saiu da prisão juntamente com mais 69 presos políticos, tendo viajado para o Chile. Após o golpe militar naquele país asila-se na Embaixada do México por 6 meses, de onde parte para países europeus. Prossegue seus estudos de medicina, interrompidos no Brasil. Lá, atira-se sobre os trilhos de metrô, tendo morte instantânea. O Governo alemão translada o corpo ao Brasil, concede indenização à família que a reverte em benefícios a seus companheiros mais necessitados.

Gerosina Silva Pereira

Nasceu em 15 de julho de 1918 em Pedro de Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, Minas gerais. Falece em 9 de setembro de 1978 em Lund. Casada com Antônio Ubaldino Pereira (1938), teve três filhos. Quando da instauração do regime militar (1964), entrou para o movimento de resistência. Seu marido foi preso (1969) e ela no ano seguinte. Seu marido foi banido para o Chile (13/01/1971) e, quando libertada, Gerosina vai até ele, passando a viver no Chile até o golpe militar que depôs Salvador Allende, então Presidente da República(11/09/1973). Seu marido vai até a Argentina, seguindo depois para a Suécia; Gerosina exila-se no Panamá e daí viaja ao encontro de Antônio, que ocorre em Lund. Lá,trabalha como restauradora de objetos no Museu Lund (1974) e preside o Comitê Brasileiro de Mulheres Democráticas. Falece em conseqüência de um câncer, em 9 de setembro de 1978. Em Lund, na sala onde os brasileiros exilados se reuniam para lutar pelo seu retorno ao Brasil, recebe o nome em sua homenagem.

Therezinha Viana de Assis

Nasce em 22 de julho de 1941 em Aracaju, Sergipe e falece no dia 2 ou 3 de fevereiro de 1978.

Economista formada pela UFSE, foi funcionária da Caixa Econômica Federal, tendo morado em Belo Horizonte/MG. Naquela cidade,foi presa (1973) e depois encaminhou-se ao Chile. Após o golpe militar de setembro de 73 no Chile, Therezinha vai para a Holanda, onde conclui seu doutoramento em Economia (1974). Trabalhava na Prefeitura de Amsterdã até 15 de setembro de 1977, quando seu contrato não foi renovado. No dia 3 de fevereiro de 1973 foi encontrada morta sob a janela do apartamento onde residia, naquela cidade.

De volta de viagem encontrou seu apartamento remexido, o telefone “grampeado’, pedindo que eu não lhe telefonasse. Às vezes, ao voltar do serviço, encontrava seu apartamento remexido… começou a receber telefonemas anônimos com ameaças.

uma das pessoas que a seguira ficou sabendo que se tratava da polícia secreta do Chile.

Morreu no dia 2 ou 3 de fevereiro de 1978.
Selma Vianna de Assis Pamplona, irmã de Therezinha.

Jane Vanini

Nasceu em 08 de setembro de 1945 e morreu em 06 de dezembro de 1974, em Concepción, Chile.

Era estudante de Ciências Sociais e fazia militancia política estudantil. Foi condenada a cinco anos de prisão por suas atividades políticas, exila-se no Chile, onde se casa com o jornalista Pepe Carrasco. Seu marido estava preso quando ela morreu; posteriormente foi assassinado e encontra-se desaparecido.

Em carta endereçada a Dulce Anna Vanini, irmã de Jane (14/01/1994), Anches Dominguez Vial, Secretário Executivo da Corporacion Nacional de Reparacion y Reconciliacion, do Governo chileno, afirma:

Quero compartilhar com a senhora minha experiência pessoal de ter conhecido Jane, que tentei proteger em minha casa após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 no Chile. Conviveu com minha família, aproximadamente por um mês e meio, até que perseguições … puseram em risco minha segurança pessoal e das pessoas que tentava ajudar. Devido a isso Jane foi para cidade de Concepcion, 500 km ao sul de Santiago, onde encontrou a morte nas mãos da DINA.

Recuperada a democracia, em março de 1990, iniciamos longo caminho de recuperação e de reconciliação entre os chilenos.

Em dezembro de 1993, o Governo chileno assumiu suas responsabilidades no caso de Jane Vanini, concedendo à sua família pensal como forma de reparação.

Guerrilha Rural do Araguaia - 1969/1974
Araguaia: região do Tocantins-Pará-Maranhão


Participação de 70 guerrilheiros, cercados por 200 mil militares, com a atuação de pára-quedistas. Quase todos os participantes foram mortos.

1973
Dinalva Oliveira Teixeira

Nasceu em 16 de maio de 1945, em Argoim, município de Castro Alves/BA. Desaparecida desde 1973.

Suely Yomiko Kanayama

Nasceu em 25 de maio de 1948 em Coronel Macedo/SP, estando desaparecida desde 1973. Estudante da USP/SP, cursou a Faculdade de Língua Germânica e Portuguesa até 1970. Era militante estudantil. Chegou ao Araguaia em 1971. Por ocasião do cerco, no início de 1974, cercada pelas Forças Armadas, recusa render-se e é metralhada por mais de 100 balas de grosso calibre.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que ela foi cercada pelas forças de segurança ao recusar-se à rendição. O Relatório do Ministério da Marinha afirma que ela foi morta em setembro de 1974. O Diário Nippck atesta que ela foi morta com rajadas de metralhadoras disparadas por diversos militares, deixando seu corpo irreconhecível. Foi enterrada em Xambioá/Tocantins e seus restos mortais exumados por estranhos.

O Cel Aeronáutica Pedro Cabral (entrevista à Revista Veja, outubro de 1993) afirmou que ela foi morta em outubro de 1974, “sendo seu corpo enterrado em Bacaba (região próxima da ex-Transamazonica), onde o Centro de Informações do Exército - CIEX construíram celas onde interrogavam prisioneiros. Durante a “Operação Limpeza”, sua cova foi aberta, o corpo desenterrado. Seu corpo estava intacto, sem roupa, pele muito branca, sem sinal de decomposição, apenas marcas de bala. O corpo foi colocado em saco plástico, levado até meu helicóptero, transportado para um ponto sul da Serra das Andorinhas. Colocado numa pilha de cadáveres - desenterrados de suas covas originais - cobertos de pneus velhos e gasolina, foram incendiados”.

Helenira Rezende de Souza Nazareth

Nasceu em 19 de janeiro de 1944 em Cerqueira César/SP. Desapareceu desde 1974.

Estudava na USP/SP, onde tinha participação no movimento estudantil. Chegou a ser vice-presidente da UNE em 1968, tendo sido presa por arregimentação em passeata, mais tarde foi presa novamente, com outros 800 estudantes que faziam o XXXo Congresso da UNE em Ibiúna/SP. Foi transferida para o DOPS, interrogada pelo Delegado Sérgio Fleury e depois transferida para o Presídio de Mulheres do carandirú. Através de um habeas corpus despachado antes do Ato Institucional no 5, foi libertada e passou a viver na clandestinidade antes de ir juntar-se à guerrilha do Araguaia.

Depoimento de Helenalda Rezende, sua irmã (adaptação):

O Relatório do Ministério da Marinha afirma que se encontra foragida e no Arquivo do DOPS/PR foi identificada como falecida. As declarações da ex-presa política Elza Monnerat na Auditora Militar conta que Helenira, ao ser atacada por dois soldados, matou um deles e feriu outro. Metralharam-na nas pernas e torturaram-na selvagemente até a morte. Conforme falaram soldados do Pelotão de Investigações criminais -PIC - a coragem da moça irritou a tropa; o lugar onde estava virou uma poça de sangue. Segundo seus depoimentos, Helenira foi morta à baioneta.

Até hoje, sua família não foi informada oficialmente de nada.

Maria Lúcia Petit da Silva

Nasceu em 20 de março de 1950 em Agudos/SP. Desapareceu em 1972.

Professora primária, dirigiu-se à região do Araguaia, para o interior de Goiás, posteriormente ao Sul do Pará.

Depoimento de Regilena Carvalho Leão do Aquino, uma das sobreviventes da guerrilha do Araguaia:

Em 1972, o Exército brasileiro cercou a região do Araguaia, onde se encontrava Maria Lúcia, e aí reprimiu a guerrilha que se desenvolveu em conseqüência da forte repressão militar.

Segundo depoimentos de alguns sobreviventes, no dia 16 de junho de 1972, ao se aproximar da casa de um camponês, Maria Lúcia foi fuzilada por tropas do Exército, sob o comando do Gal. Antônio Bandeira, da 3a Brigada de Infantaria.

Maria Lúcia foi morta em plena juventude por tentar manter vivos ideais de liberdade e justiça social no período da ditadura pós-64. Sua família não recebeu até hoje comunicado oficial de sua morte, um atestado de óbito, por parte das Forças Armadas, nem sequer a informação do paradeiro de seus restos mortais.

Às primeiras horas do dia 16 de junho de 1972, a menos de 2 km da casa de João Coioió, Jaime ( Jaime petit da Silva), daniel (Daniel Ribeiro Callado) e eu, fomos acordados com o disparo de um tiro ao longe e um outro tiro em seguida. Da mesma direção dos sons dos disparos, metralhadoras foram acionadas, quando o ruído distante de um helicóptero em movimento, tornava-se próximo das imediações. Estávamos acampados na retaguarda para aguardar Maria (Maria Lúcia Petit da Silva), Cazuza (Miguel Pereira dos Santos e Mundico (Rosalindo de Souza) para ajudá-los no transporte de mantimentos encomendados ao ‘João Coioió’. Retiramo-nos imediatamente e, ao final da tarde, acampamos nas cabeceiras da chamada Grota da Cigana. Momentos mais tarde, enquanto preparávamos o jantar, milho maduro em água de sal, cozido em fogo brando para esperar os três companheiros ausentes, surgiram Cazuza e Mundico, ensopados de suor e aflição. Perguntei pela Maria e a resposta foi direta e cura: “a reação a matou”.

“No dia anterior, os três viajaram para apanhar as sacas de farinha e outros víveres, já pagos, a serem comprados em São Geraldo-PA por ‘João Coioió’, um dos tropeiros da estrada do Pará da Lama. A data combinada para a entrega das mercadorias estava marcada para o dia 16 de junho de 1972, pela manhã. Maria acordara febril e menstruada. Enquanto eu mudava o curativo de uma ferida de leishmaniose no dorso de sua mão esquerda, conversávamos sentadas na mesma rede. Ela não aceitou ser substituída naquela tarefa, pois acreditava ser a sua relação de amizade com a família Çoioió’a mais forte do grupo. Era ela a ‘prometida madrinha do terceiro filho que Lázinha esperava de João Coioió”.

Mundico contou, então, o ocorrido: na tarde de 15 de junho de 1972, os três transitavam por um trecho da estrada do Pará da Lama quando, casualmente, encontraram-se com um trabalhador da região conhecido por “China”, que os viu encaminharem-se à picada em direção à moradia do ‘João Coioió’. Souberam através do ‘China’ que não havia tropas militares naquelas proximidades. Aos fundos da casa do ‘João Coioió’, dentro da mata, armaram suas redes para, na manhã seguinte, conduzirem as sacas de farinha e outras mercadorias compradas.

Durante várias horas da noite ouviram ruídos de homens e animais em movimento constante, fazendo-os supor que fosse a tropas de burros chegando com o material adquirido em São Geraldo/PA. M determinado momento, Cazuza e Mundico perceberam alguns sussurros masculinos que interpretaram como ‘mata, mata’, do verbo matar. Às 6 horas da manhã, não associaram a movimentação da noite anterior ao silencio daquele amanhecer: os cachorros não latiram e não havia sinal aparente de vida naquela casa. Criou-se um clima de desamparo diante daquela atmosfera triste, mas a ação de recolher a comida foi condição mais forte.

Maria, à frente. Ainda na escuridão da mata, Mundico e Cazuza seguiam-na a curta distancia. Quando saiu da penumbra, andou alguns passos e foi iluminada pela claridade do dia, ouviram-se dois tiros, intercalados por segundos. Mundico chegou a vê-la caindo e a ouvir seus gemidos de dor ‘ai, ai, ai”, antes do estrondo provocado pelas metralhadoras tocaiada na lama do quintal. Mundico e Cazuza jogaram-se de volta ao interior da mata, em direção oposta à origem das balas que já os alcançavam.

Quando estive presa na base militar de Xambioá-GO, alguns oficiais mostraram-me objetos do seu uso pessoal: um par de chinelos de sola de pneu com alças retorcidas de nylon azul claro, e uma escova de dentes de cor amarela e com o cabo quebrado. Reconheci tais objetos que realmente pertenciam a Maria, que os guardava em um bornal de lona verde, permanentemente usado a tiracolo. Afirmaram que fora enterrada em São geraldo-PA, cidade em frente e separada de Xambioá-GO pelo Rio Araguaia.

Em Brasilia-DF, no presídio da 3a Brigada de Infantaria, em agosto de 1972, o general Antônio Bandeira, então seu comandante, disse que Maria fora morta por um recruta inexperiente, logo retirado daquela área.

Em entrevista gravada pelo padre francês Aristides Camio, em 1984, quando exercia seu Ministério naquela região, ‘dona Nenzinha’, parteira da estrada do Pará da Lama e moradora próxima da casa do ‘João Coioió’, confirmou a morte da Maria e disse ter sido o próprio ‘João Coioió’quem avisou as Força Armadas sobre o dia marcado para a visita das três companheiros. Segundo ela, a emboscada preparada ao redor daquela casa, era composta por muitos militares distribuídos entre as árvores mais próximas e sobre o paiol de milho. Disse ainda que, na noite seguinte à morte da Maria, os guerrilheiros retornaram àquele local e mataram os cachorros de “João Coioió. Essa informação não confere, pois, nenhum de nós voltou àquela casa. Pode ser associada as palavras, ouvida pelo Mundico e pelo Cazuza, ‘mata,mata’, dirigidas aos cachorros da casa, farejadores e denunciadores de presenças estranhas que, no caso, seriam os próprios militares.

Seus irmãos Jaime e Lúcio Petit também estão desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia.

Em 1991, familiares de mortos e desaparecidos do Araguaia, juntamente com membros da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e equipe de legistas da Unicamp estiveram em um Cemitério da cidade de Xambioá, onde exumaram duas ossadas. Uma de um velho, negro, provavelmente Francisco Manoel Chaves (desaparecido na Guerrilha do Araguaia) e outra, de uma mulher jovem enrolada num pedaço de pára-quedas, que poderia ser Maria Lúcia ou Áurea Eliza Pereira Valadão. Esses restos mortais foram encaminhados para a Unicamp, mas até agora não se tem as conclusões das investigação dos técnicos do Depto. de Medicina Legal.

Maria Cecília Corrêa

Nasceu em 30 de maio de 1945 no Rio de Janeiro. Desapareceu em 1974.

Estudava Ciências Sociais na UFRJ e participou do movimento estudantil. Dirige-se ao Araguaia em 1971, vivendo com seu irmão Elmo Corrêa e sua mulher Telma Regina Cordeiro Corrêa, ambos desaparecidos. Após um ataque das Forças Armadas, desaparece com Pedro carretel - camponês que aderira à guerrilha -seu irmão e cunhada (2/1/1974), segundo depoimentos de companheiros. Segundo relato de moradores de São Domingos/PA, Maria Cecília foi levada presa com outros guerrilheiros. A moradora Maria Raimunda Rocha Veloso, conta que a viu ser presa por “Manezinho das Duas”, que a amarrou e levou com ajuda de outro homem, para o acampamento do Exército em Bacaba, região da ex-rodovia Transamazonica. Este depoimento foi confirmado pelo Delegado de São Domingos/PA, Geraldo Martins de Souza, dizendo ter sido presa no local chamado Açaizal. O vereador Santinho, eleito pelo PSDB da Câmara de São Domingos e genro do Delegado Geraldo Martins de Souza, declarou em 1991 que eram duas mulheres as pessoas levadas pelo sogro e uma delas era Maria Cecília. Todos os depoimentos são unânimes: em meados de 1974 estava viva, sem ferimentos de arma de fogo.

Telma Regina Cordeiro Corrêa

Nasceu em 23 de julho de 1947 e desapareceu em 1974. Estudava geografia na Universidade federal Fluminense, do Rio, tendo sido excluída em 1968 pelo decreto-lei 477. Dirigiu-se à região do Araguaia e foi morar nas margens do Rio Gameleira, com seu marido Elmo Corrêa (desaparecido) em 1971; sua cunhada Maria Cecília Corrêa veio juntar-se a eles (desaparecida). Depoimentos de companheiros afirmam que Telma desapareceu no dia 2/1/1974, juntamente com seu marido, sua cunhada, Jana Marone Barroso e seu marido Nelson Lima Piauhy Dourado e Pedro carretel. O Relatório do Ministério da Marinha afirma que ela teria sido morta em janeiro de 1974. Depoimentos colhidos na região (1981) pelo advogado Paulo Fontelles, representante da OAB junto à Caravana de Familiares que estiveram no Araguaia à procura de informações, atesta que foi presa no início de 1974 em São Geraldo/PA e entregue a José Olímpio, engenheiro do Depto Nacional de Estradas de Rodagem DNER - instituição que serviu de órgão de informação e tortura na Região do Araguaia. Nesta ocasião, passou a noite amarrada num barco antes de ser entregue às autoridades em Xambioá/GO.

Luíza Augusta Garlippe

Nasceu em 16 de outubro de 1941, em Araraquara, São Paulo. Desapareceu em 1974.

Participava da Associação dos Funcionários do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde trabalhava como enfermeira e chefe do Depto de Doenças Tropicais. Dirige-se à região do Rio Gameleira no Araguaia. O Relatório do Ministério do exercito a considera desaparecida desde maio de 1974. Segundo Relatório do Ministério de Exército teria sido morta em junho de 1974. Conforme declarações de seus companheiros foi vista pela última vez num acampamento próximo à rua das Andorinhas, antes de tiroteio com órgãos do Governo em 25 de dezembro de 1973.

Lúcia Maria de Souza

Nasceu em 22 de junho de 1944 em São Gonçalo/RJ e desapareceu em outubro de 1973. Estudava Medicina e Cirurgia no Rio de Janeiro e participou do movimento estudantil entre 1969/70, juntamente com Jana maroni (desaparecida). Quando estava no 4o ano da faculdade, estagiando no Hospital Pedro Ernesto, dirige-se para o Araguaia na região de Brejo Grande. Foi ferida, presa e morta em combate no dia 24 de outubro de 1973. O Relatório do Ministério do exercito declara que foi morta no dia 24/10/1974 em confronto com as forças de segurança, ocorrido em Xambioá/GO e Marabá/PA. Sebastião Curió, ex-deputado federal e dos comandantes do Exército na região declarou que ela foi ferida, sacou um revolver escondido na bota, ferindo-a no braço e a um Capitão do Centro de Informação do Exército-CIE - Revista Isto É, 04/09/1985.

Áurea Elza Pereira Valadão

Nasceu em 6 de abril de 1950 em Areado/MG. Desapareceu em 1974. Muda-se para o Rio em 1964, estuda Física na UFRJ em 1967, quando inicia sua participação no movimento estudantil, tendo sido membro do Diretório Acadêmico daquela faculdade juntamente com Antônio de Padua e Arildo Valadão (desaparecidos). Em 6 de fevereiro de 1970 casa-se com Arildo valadão e no segundo semestre muda-se com seu marido e Antônio para a região de caianas, no Araguaia. Consta que foi presa em 1973 em Marabá/PA. No inicio de 1974 a declaração do preso Amaro Lins no 4o cartório de Notas de Belém/PA afirma que Áurea foi vista em bom estado de saúde no 23o Batalhão de Infantaria da Selva. Relata que ouviu um policial dizer para ela que arrumasse suas coisas pois iria viajar. Este termo era utilizado para designar execução. Um depoimento de moradora de Xambioá/Tocantins afirma que Áurea foi vista morta na delegacia da cidade, enterrada no cemitério local. Familiares de mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia estiveram no cemitério junto com a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e legistas da Unicamp em 1991. Foram exumadas duas ossadas: de um negro, provavelmente Francisco Manoel Chaves (desaparecido) e de uma mulher jovem, com o corpo embrulhado em pára-quedas, que poderia ser de Áurea ou de Maria Lúcia Petit - guerrilheira desaparecida no Araguaia. Ossadas permanecem na Unicamp para identificação. O Relatório do Ministério da Marinha marca a data de sua morte em junho de 1974, sem maiores informações.

Áurea era professora
e decidiu improvisar
Duma tapera, uma escola
Pra criançada estudar
Ela nada cobrava
Ensinava e brincava
Com as crianças do lugar.

(Cordel da Guerrilha do Araguaia - Nonato da Rocha.)

Dinaelza Soares Santana Coqueiro

Nasceu em 22 de março de 1949 em Vitória da Conquista/BA. Desapareceu em 1973, juntamente com seu marido Vandick Reidner Pereira Coqueiro. Começou curso de geografia na PUC de Salvador/BA onde iniciou participação no movimento estudantil (1969). Dirige-se com seu marido à região do Araguaia em 1971. Seus companheiros viram-na viva e em liberdade pela última vez em 30 de dezembro de 1973. Moradores da região afirmam que foi aprisionada por tropas do Exército. O Relatório do Ministério do Exército afirma que ela utilizava codinomes… carteira de identidade apreendida em aparelho rural do PC do B. Atuava na área de Xambioá/GO e Marabá/PA. Um Relatório do Ministério da Marinha atesta que foi morta em 08 de abril de 1974.

Jana Morani Barroso

Nasceu em 10 de junho de 1948 em Fortaleza/CE. Desapareceu em 1974.

Estudou Biologia na UFRJ e participava do movimento estudantil. Em abril de 1971 muda-se para Metade, no sul do Pará e casa-se com Nelson Lima Piauhy Dourado - desaparecido. Desapareceu (02/01/1974), após ataque das Forças Armadas, em companhia de seu marido, de Maria Cecília Corrêa, Elmo Corrêa, Telma Regina Corrêa e Pedro Carretel. Um Relatório do Ministério da Marinha relata sua morte como tendo ocorrido em 08 de fevereiro de 1974.

Sua mãe não poupa esforços à sua procura. Declara que a filha foi presa e levada para Bacaba - região da ex-rodovia Transamazonica, para centro de torturas das Forças Armadas. Segundo moradores da região, aí também se encontrava um cemitério clandestino. Estava quase nua e com arranhões pelo corpo. Amarrada, foi colocada em um saco, e içada por helicóptero nas proximidades de São Domingos/PA.

OUTRAS MORTES

Catarina Abi-Içab

Morreu em 8 de novembro de 1968, aos 21 anos, em acidente automobilístico no km 69 da BR 116, próximo a Vassouras, Rio de Janeiro. Seu marido Antonio Abi-Içab, também estava em sua companhia. Foram vítimas da explosão do automóvel em que viajavam, transportando explosivos que foram detonados. O exame necroscopico, feito no IML de Vassouras/RJ em 09 de novembro de 1968, firmado pelos médicos Dr Pedro Scirillo e Almir Fagundes de Souza. Laudo: fratura da abóboda craniana provocada por instrumento contundente.

Íris Amaral

Sem militancia política, em 1o de fevereiro de 1972, foi baleada e morta na rua por agentes da repressão, que perseguiam militantes políticos. Trabalhava como doméstica. A Guia num. 85 da 27a DP - IML/RJ: exame necroscopico firmado pelo médico Hygino C. Hercoles - sem o segundo legista - ferida transfixiante de coxa interseccionando a artéria femural direita. O Registro de ocorrência num. 580- 29a DP - em 1o de fevereiro, na estrada Vicente de Carvalho/RJ os policiais do CODI -DOI reconheceram, dentro de um carro em movimento, os militantes Flávio Augusto Neves Leão de Sales e Antônio Carlos Nogueira Cabral. Os policiais passaram a persegui-los, disparando aleatoriamente suas armas, assassinando assim a sra Íris Amaral e ferindo pelo menos mais quatro transeuntes. O óbito de Íris do Amaral ocorreu no interior do taxi, dirigido por Teobaldo Caputo, motorista que lhe prestou socorro.

Zuleika Angel Jones (Zuzu Angel)

Nasceu em 05 de julho de 1923, em Curvelo/MG, vindo a falecer em 14 de abril de 1976, na estrada da Gávea, quando saia do túnel Dois Irmãos/RJ.

Figurinista internacional, mãe do militante político Stuart Angel Jones, que foi preso em 14 de março de 1971, pelo Centro de Informações da Aeronáutica - CISA - e que foi torturado e morto na base aérea do Galeão/RJ , em 14 de junho de 1971, desaparecido desde então.

Zuzu fala de seu filho:

“Então meu filho foi aquele que foi assassinado antes de ser absolvido”.

Alex Polari de Alverga - que estava preso no mesmo local que Stuart - escreveu da prisão à Zuzu, narrando as torturas sofridas por seu filho. Ele disse ter presenciado um jipe arrastando- o pelo pátio interno da base aérea do Galeão e ouviu seus gritos denunciando que iria morrer.

Durante 5 anos, Zuzu Angel buscou rever o corpo de seu filho, cuja morte jamais foi admitida pelos órgãos de segurança do governo. No Brasil e no exterior, ela denunciou a morte de seu filho e o regime político militar brasileiro. Na sua luta acabou envolvendo clientes e amigos importantes.

Sua filha, Hildegard Angel relata:

..”na peleja dos últimos anos de sua vida, demonstrou coragem e audácia.” …(1)

“Batia em todas as portas, fazia comícios em fila de banco, de supermercados, onde encontrasse gente para escutá-la”…

Criou como denúncia o que ela classificou como a “Primeira Coleção de Moda Política”: o anjo tornou-se modelo. Anjos amordaçados, meninos aprisionados, sol atrás de grades, jipes, e quépis.

Em mãos do compositor Chico Buarque de Hollanda, deixou documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. O compositor conferiu-lhe tributo na música “Angélica”.

O acidente de automóvel em que veio a falecer até hoje não foi esclarecido. Testemunhas afirmam que havia um jipe do Exército logo após o acidente, na saída do Túnel Dois Irmãos/RJ. O óbito de num. 384, firmado pelo Dr. Hygino de Carvalho Hércules, confirma a versão policial de morte por acidente.

Fala Zuzu:

“se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

“Eu não tinha coragem, coragem tinha meu filho. Eu tenho legitimidade.”

(1) Valli, Virgínia - Eu, Zuzu Angel, procuro meu filho. A verdadeira história de um assassinato político. -RJ, Record, 1987.

LEIA UM ARTIGO SOBRE A DITADURA COM COMENTÁRIOS ASTROLÓGICOS CLICANDO AQUI


RIO CONSTELAR - ESCOLA DE ASTROLOGIA

| Topo | Home| Apólogos & Cia: Contos | Arte & Cia | Cursos | Serviços |
| Perguntas e Respostas |
Livros e Revistas | Agenda de Eventos | Links |
Em Defesa da Astrologia
| Conexão Zigurat | Fale Conosco |
| Receba o boletim Astro-Síntese |