MARTE EM PEIXES
e seu trânsito para cada signo

Carlos Hollanda


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5o. Simpósio Nacional de Astrologia do Sinarj:

16 e 17
de agosto
de 2003

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O HEMICICLO DE MARTE
Palavras iniciais sobre o que
você vem lendo neste último ano.

Uma das razões pelas quais a edição 12 de Astro-Síntese focaliza o planeta Marte é o fato de tê-lo, em trânsito, já bastante próximo do Meio do Céu do mapa de lançamento, fazendo dele o planeta mais elevado para aquele mapa no momento. A conjunção com o Meio do Céu, que só ocorrerá de fato em dezembro, pode também representar um período de maior ousadia e potencial pioneirismo. Outro motivo é que o Marte do lançamento de Astro-Síntese estava em Leão e teve a completação de seu hemiciclo em maio de 2003, quando mudou de provedor e disparou em visitação. Todo um período de experimentação, aliás, vem dando lugar a um sistema mais estruturado e a maior desenvoltura na utilização de recursos disponíveis desde que o site começou oficialmente. Agora ele parece estar alcançando seu primeiro ápice.

A oposição de Marte em trânsito com Marte radical implica num apogeu da energia e dos objetivos iniciais de um empreendimento. Para Astro-Síntese, que tem a Lua em Áries, a fase é particularmente importante. O site começou com uma visitação bastante tímida, algo totalmente diferente do momento atual, e com um esforço individual muito maior do que o necessário agora.

Apogeu e declínio ou fase
de esforços combinados?

Os primeiros cinco ou seis anos ímpares com relação a um momento inicial qualquer, são, com mais freqüência, anos de hemiciclo de Marte. Assim, 1 ano após você ter dado a partida em alguma empreitada, o Marte que naquele momento estava num ponto do zodíaco, atinge seu primeiro hemiciclo. No ano seguinte ele retorna à posição original, perfazendo seu ciclo de aproximadamente 2 anos. Essa recorrência de anos ímpares não é absoluta, graças ao fato de que o ciclo de Marte não se completa em 24 meses. Uma observação atenta dos períodos de oposição de Marte com Marte permite reparar como as coisas parecem atingir um ápice em pequena escala. Mais ainda em se tratando de um processo socializador de uma ação individual. É marca de uma espécie de declínio provisório do processo criativo, da paixão, do desejo de implantar as coisas ou da afirmação da identidade, atributos estes que, então, podem ser repotencializados por intermédio de terceiros. É também comum que empreendimentos ou quaisquer outros tipos de ações iniciadas no ano anterior estejam sendo partilhados com ações criativas, talvez impetuosas, mas sempre mobilizadoras de parceiros ou de colaboradores e aliados em potencial.

O trânsito de Marte em Peixes
em relação aos 12 signos

O ciclo de Marte em torno do Sol, como já vimos, dura quase dois anos. Ao ser dividido pelos 12 signos do zodíaco ele é distribuído em 12 passagens de cerca de 2 meses para cada um deles. A passagem de um planeta num signo implica em algum tipo de relação com diversos outros fatores espalhados pelo zodíaco. Estando Marte em Peixes, que tipo de experiências as pessoas com o Sol em cada um dos signos tendem a desenvolver? Este artigo focaliza os signos solares (cada um dos 12 signos, para quem não está habituado à terminologia astrológica) como ponto de partida para uma seqüência de casas derivadas desses signos. Assim, se você nasceu com o Sol em Áries, tomamos Marte em Peixes como estando genericamente numa casa 12 hipotética. Se nasceu em Touro, Marte em Peixes estaria na casa 11. Se em Gêmeos, na casa 10, e assim por diante. De acordo com o exercício breve e lúdico a seguir, não importa exatamente em que data alguém nasceu nem em que grau se encontra o Sol. Basta termos em mente as relações angulares que os signos fazem entre si. O mesmo processo pode ser usado para cada signo Ascendente, exatamente do modo como descrito acima (se Áries, casa 12, se Touro, casa 11 etc.). Não custa experimentar comparar esse jogo de palavras, conceitos e expressões-chave nas circunstâncias de seu cotidiano durante esses meses.

Marte em Peixes para Áries

Atuação intensa nos bastidores. Produz-se muito, mas talvez sem ainda poder expor na totalidade o resultado dos esforços. Recuo necessário para se ganhar um grande impulso capaz de, romper barreiras e vencer limitações. Acumula-se energia para o corpo, recursos psicológicos e materiais necessários a uma investida mais incisiva dentro em breve.

Marte em Peixes para Touro

Liderança entre amigos. Incentivo ações de auxílio humanitário ou de caráter revolucionário. Vínculo favorável com equipes, talvez esportivas. Amigos agressivos ou heróicos, competitivos, corajosos. Discussões entre amigos. Contendas com dirigentes e autoridades.

Marte em Peixes para Gêmeos

Chefes agressivos e intolerantes. Pioneirismo e ousadia na vida profissional. Capacidade de execução para suplantar obstáculos. Intolerância e dificuldade para acatar ordens. Crescimento da ambição por autonomia. Quem sabe uma mudança de emprego ou de cargo? Atenção com excesso de impulsividade para evitar injúrias físicas.

Marte em Peixes para Câncer

Defende aguerridamente seu sistema de crenças. Possiveis viagens esportivas ou aventureiras. Cuidado com o excesso de confiança para evitar injúrias no transporte. Possíveis discussões teóricas com professores. Defesa de direitos de terceiros ou da cultura de um povo.

Marte em Peixes para Leão

Empreitadas com recursos compartilhados. Questionamento crítico acerca da personalidade provoca aprofundamento psicológico. Sexualidade como forma de poder, ciúmes ou discussões acerca de bens compartilhados.

Marte em Peixes para Virgem

Parceiros irritáveis e excessivamente proativos. Crescimento do número de conflitos. Problemas em contendas de ordem judicial. Atenção com atos indiscretos em público que podem ser causados por parceiros ou oponentes. A saúde pode estar abalada pelo excesso de esforço físico.

Marte em Peixes para Libra

Discussões e competições acirradas no trabalho. Tarefas cotidianas podem exigir maior aptidão física ou maior concentração. Tendência a febres, infecções ou então problemas que afligem os órgãos sexuais. Pode coincidir com uma época em que uma cirurgia foi marcada.

Marte em Peixes para Escorpião

Desejo de ocupar posição de destaque. Intensificação do desejo sexual. Atrai pessoas que desconsideram as vontades alheias. Exacerbamento do ego e da auto-importância. Para quem lida com crianças: fase turbulenta.

Marte em Peixes para Sagitário

Conflitos envolvendo familiares. Ginástica em casa. Barulheira perto de casa. Coisas quebradas ou precisando de conserto no lar. Rixas com autoridades, com os pais ou chefes. Mágoas antigas sendo trazidas à tona.

Marte em Peixes para Capricórnio

Disposição para debates. Discussões com irmãos, primos, vizinhos. Vizinhos barulhentos. Aprendizado de elementos de mecânica e afins. Ampliação da capacidade de improviso. Atenção no trânsito para evitar acidentes. Agressividade em respostas e na forma de ensinar.

Marte em Peixes para Aquário

Empenho na realização dos desejos pessoais. Maior capacidade de trabalho e produção. Atenção apenas para não agir perdulariamente. Ganhos com máquinas, metais, esportes ou materiais cortantes. Ganhos através de ações individualistas e ousadas.

Marte em Peixes para Peixes

Capacidade de liderança, agressividade, competitividade, auto-afirmação. Não se espante se sentir vontade de assumir um visual mais agressivo (quem sabe com roupas vermelhas?). Maior uso do corpo, talvez com ginástica. Menor tolerância a frustrações. Luta pelos fracos e oprimidos. Pode passar a aceitar mais desafios.

Duas faces de Marte (Ares)
e a rejeição de Zeus

Qual a relação entre a criminalidade e o simbolismo de Marte, Júpiter e Saturno? Este pequeno ensaio visa apontar alguns referenciais arquetípicos e práticos do conflito entre Marte e Júpiter na sociedade e os conceitos de crime, desvio, leis e adequação do indivíduo como persona social. Também enfoca o caráter punitivo e coercitivo (Saturno) da consciência coletiva sobre o indivíduo que está fora dos padrões aceitos socialmente, traçando um paralelo entre o Urano da astrologia moderna e o Marte da tradição. No que tange à idéia de afirmação da individualidade ante as pressões coletivas em prol do conformismo esses dois planetas têm muito em comum.

Marte pode ser, entre outras coisas, compreendido como o indivíduo, a ação individual desprovida de regras sociais ou contrária às regras sociais, que despreza o bem estar alheio e age somente em benefício próprio. Esta é uma de suas facetas. Nela, ele é a ação individualista onde os fins justificam os meios e onde a ignorância cega atinge a terceiros num atentado à “harmonia” da convivência com os demais, ainda que esta “harmonia”, seja pautada pela hipocrisia. Os demais são vistos como empecilhos aos objetivos individuais e são passíveis de remoção de qualquer tipo. Representa a incapacidade de socialização e de adaptação às exigências do convívio pacífico e tolerante do que chamamos “civilização”.

Por outro lado, também é o indivíduo criativo, individualista, é verdade, mas proativo e com uma visão muito particular da realidade e que sente necessidade de transformá-la segundo seus parâmetros individuais ou seus ideais. Nesse ponto Marte se assemelha ao padrão atribuído a Urano, na contestação da padronização e uniformização comportamental e de crenças. É o indivíduo afirmando sua identidade a despeito do modelo uniforme imposto pela coletividade. Sua identidade e liberdade de movimento é mais importante do que o curvar-se a modelos prestabelecidos. Deseja criar uma nova realidade. Quando a identidade é afirmada e reafirmada, tende-se a uma espécie de destaque do restante da comunidade à qual o indivíduo pertence. O resultado pode variar desde a repulsa coletiva, mesmo quando o indivíduo deseja trazer benefícios sociais, até a aclamação pública (algo que lembra Marte e Júpiter em Capricórnio, como um desfile triunfal na Roma antiga, após uma vitória militar).

O indivíduo pode não ser um criminoso propriamente dito, mas pode ser considerado como repulsivo à sociedade ou a determinados grupos sociais em função da afirmação explícita de sua individualidade. Tal demonstração de apreço extremado por si mesmo pode gerar nos demais a idéia de que o indivíduo despreza o grupo e seus valores. Esse desprezo pode ser genuíno ou não. No segundo caso, apenas haveria o apreço pela auto-afirmação, sem que o indivíduo tenha alguma necessidade de destruir a sociedade e suas instituições. No máximo, este individualista extremado e não patológico sente necessidade de reformar as instituições e valores coletivos de forma a poder encaixar-se neles com menor dificuldade ou por pura atração pelo desafio. Essa necessidade de reforma tendo por base uma visão de mundo tão particular traz consigo uma nuance do comportamento típico de quem tem Urano em posição muito enfática no mapa astrológico. Mas Marte posicionado assim também funciona de um modo semelhante, muito embora ele se refira mais especificamente a questões individuais. Contudo, se o indivíduo tem uma combinação de fatores em seu mapa que acentuem uma tendência ao relacionamento com a coletividade, este mesmo Marte individualista passa a atuar coletivamente como ação reformadora. E toda reforma tem um quê de destrutividade, que visa abrir espaço para o novo a ser construído logo em seguida. Todo parto é dolorido e verte sangue.

Quem, afinal, é o criminoso?

O elemento criminoso da sociedade, excetuando-se os casos psicopatológicos e os de luta pelo poder sociopolítico, tem ao menos um mínimo de probabilidade de reaproveitar seus atributos criativamente. O problema é tanto individual quanto social, uma vez que a sociedade, com suas restrições e preconceitos mais comuns, impingem ao indivíduo um sistema opressor de sua identidade e criatividade de forma a manter o status quo e um modelo paternalista onde apenas uns têm poder. É a suprema e saturnina desigualdade do pai arquetípico com relação aos filhos reproduzindo-se no mundo real na forma de instituições e costumes. Isso pode ocorrer por intermédio de pressões econômicas, por questões religiosas ou por hábitos culturais aceitos e reiterados pela maioria que legitima o modelo paternal. Seria, por exemplo, o caso de um grupo social enquadrado num estereótipo de inferioridade onde alguns indivíduos com necessidade de recriar determinados modelos são duramente reprimidos, pelos próprios componente do grupo, no âmbito moral e, muitas vezes, no físico. A via da inferioridade deste último grupo não concebe que alguém do seio de tal comunidade, manifeste um desenvolvimento acima da média. Esse desenvolvimento, que pode ser físico, intelectual ou artístico, pode provir de diversas fontes e circunstâncias, cujos meandros somente uma análise caso a caso poderia detectar. De qualquer maneira, o emergir de uma fagulha individual no seio de uma comunidade que se manifesta pela via da inferioridade, isto é, que crê-se, por qualquer motivo, inferior, e que não admite que seus membros possam vir a produzir algum tipo de distinção, provoca animosidade coletiva contra o indivíduo. O destaque individual produz desde o ciúme até o medo da desestrutura de uma rotina de pensamentos, ações e palavras usadas no cotidiano.

Esta tensão, até certo ponto, é necessária para o desenvolvimento tanto do indivíduo quanto da sociedade. Entretanto, na história da humanidade, os processos repressores tensionados contra os processos individualizadores sempre chegaram a um estado patológico, onde uma inovação em geral é precedida de grande sofrimento causado por diversos tipos de impedimentos. Somente vários anos depois que alguns iniciadores de processos dão a partida a algo novo, combinando elementos antigos com recentes num todo coerente, é que a coletividade passa a considerar uma realidade antes relegada à categoria de absurdo.

No sentido de ação individual, desprovida de qualquer consideração pelo direito ou integridade de terceiros, Marte surge como uma representação da criminalidade. Seria o indivíduo atuando contra valores e condicionamentos sociais, mantenedores de uma estrutura e de um caráter jupiterianamente homogêneo entre os componentes da coletividade. Por que jupiterianamente? Porque o componente Júpiter na psique individual e coletiva representa, entre outras coisas, o desejo de aparentar socialmente algo que possa ser aceito pelos demais. Essa persona, segundo Alexander Ruperti (in “Ciclos de Evolução”, ed. Pensamento), é construída com base num acordo coletivo, contendo aquelas qualidades que o indivíduo acha que deve projetar afim de não ser rejeitado. Se o crime, segundo Durkheim, é uma patologia criada pela desinserção do indivíduo à sociedade, podemos dizer que a descompensação entre planetas significadores de individualidade e de integração social pode gerar, senão um comportamento criminoso, ao menos um bom grau de excentricidade e isolamento. Marte e Júpiter são mitologicamente incompatíveis, assim como Urano e Saturno. A desinserção social apontada por Durkheim também alude à exclusão de certos grupos sociais do grupo legitimado. E quando falamos de excluídos, astrologicamente sugere-se uma associação entre os mesmos e as variantes de Netuno e Peixes. É curioso que no momento atual (agosto de 2003) Marte e Urano estejam em Peixes e simultaneamente a isso grandes contingentes de pessoas, na forma do MST, MTST e outros MS’s, decidem inverter a ordem social dentro do que lhes diz respeito. São grupos, por assim dizer, “desinseridos”, guardadas as devidas ressalvas de um ou outro espertalhão que quer se dar bem aproveitando o movimento. Igualmente chama a atenção uma certa freqüência de rebeliões em presídios. Ambas são manifestações que podemos considerar análogas aos trânsitos atuais, especialmente o de Marte e o de Urano.

NOTA: Parte deste texto é uma adaptação do material apresentado numa das palestras do projeto “Astrologia pela Cidadania”, em abril de 2003, no Rio de Janeiro.

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