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O SIMBOLISMO DA
ESTRELA DE CINCO PONTAS
por Carlos Hollanda
 

Inconsciente Coletivo
e Símbolos Construídos Culturalmente

Você já se perguntou por que quando um time de futebol é campeão coloca-se uma estrela sobre o escudo do time na camisa? Já reparou que a luxuosidade de um hotel é classificada por meio de estrelas? Percebeu que ícones do cinema, teatro e televisão são chamados de “astros” e “estrelas”? Indagou-se sobre o significado do recebimento de um pequeno broche com uma estrela para funcionários que têm algum tipo de mérito em suas empresas? E quanto às estrelas que compõem bandeiras de tantos países, inclusive a do Brasil e de partidos como o PT?

Isso seria apenas uma curiosidade se na grande maioria dos casos acima as estrelas que adornam os méritos e destaques não tivessem 5 pontas. Qual seria a razão para que tal ícone fosse tão freqüente em tantas situações ou contextos semelhantes? Qual a diferença entre a estrela de 5 e a de 6 pontas, que também é bastante usada em condecorações, especialmente as ligadas à realeza ou ao poder central de algum país? Por que não se usa grafismos de estrelas de formatos diferentes com tantas freqüência? O que está no inconsciente da coletividade que nos leva a optar por um símbolo como este? Há quem veja o interesse neste tipo de coisa como uma verdadeira bobagem. Entretanto, mesmo num ícone tão comum há uma linguagem bastante complexa. Um único elemento gráfico pode conter mensagens subliminares que revela uma série de aspectos importantes sobre uma cultura e principalmente sobre os indivíduos que fazem uso de tais imagens para identificarem a si mesmos como unidade. E a base do que afirmo ser mensagens dentro de imagens está no fato de que a idéia de caracteres gráficos, sejam eles letras, sejam ícones de computador, têm suas raízes numa identificação do homem com seu meio ambiente. Cada caracter, por mais comum que seja, traz consigo sua história e todo um amálgama de culturas desde que foi utilizado pela primeira vez. Esse amálgama cultural dos caracteres confere significados ora reiterados em determinadas épocas, ora acrescidos de idéias diferentes por povos de locais e costumes diversos. Para dar um exemplo rápido, basta observarmos a letra “A”, cuja origem está no desenho da cabeça de um boi. Inicialmente o caracter era um desenho bastante parecido com o animal visto frontalmente. É possível que a necessidade de praticidade e disseminação de leis e regras sociais, o caracter, que antes era mais ou menos rebuscado, tenha forçado a estilização do desenho num pictograma fácil de ser reproduzido. O resultado foi a cabeça do boi desenhada com dois riscos diagonais e um horizontal transversal, dando apenas a idéia de um boi para quem já estivesse educado para enxergá-lo daquela forma. Estes três riscos, com a forma da cabeça e dois chifres para cima, segundo nos mostram os lingüistas e estudiosos da história da arte, de acordo com a época e com os traços de culturas diferentes, foi aos poucos alterando sua posição até tomar a forma que hoje conhecemos como “A”. No final das contas, é a cabeça de um boi ou de um touro com os chifres virados para baixo.

O ALFABETO E O ZODÍACO

Partindo deste pressuposto, o que temos? A letra “A” de nosso exemplo inicial ainda guarda significados além do som vocálico que representa. “A” para a cultura ocidental é tido como o primeiro, o que vem antes, o início, o líder. Não é por acaso que chamamos o animal líder de uma manada de “macho alfa”. Não é por acaso também que “alfa”, no grego, tenha a mesma raiz que “aleph”, no hebraico. Muito menos por acaso “aleph” significa “boi”. Outra correlação a ser feita é a zodiacal. Podemos estimar a criação deste caracter ocorrida durante a chamada “Era de Touro”, cerca de 4 mil a.C., ou antes, no final da “Era de Gêmeos”, cerca de 5 mil a.C. Note-se que Gêmeos é o signo astrológico relacionado à idéia de escrita, comunicação, e tem como signo oposto Sagitário, relacionado às leis, que na Antigüidade e no Medievo tinham um caráter de Revelação divina de regras sociais. Tal “revelação” passou a ser conservada por meio da escrita, que também passou a ter caráter sagrado para os antigos.

Mas o que isso tem a ver com o zodíaco? Se levarmos em conta o movimento de precessão dos equinócios (ver glossário), o ponto vernal, isto é, o início da primavera, no hemisfério norte, iniciado em fins de março, altera sua posição no zodíaco sideral (o zodíaco astronômico, real, não simbólico). Isso ocorre lentamente, à razão de aproximadamente 1 grau a cada 72 anos, ou 30 graus a aproximadamente 2.160 anos. 30 graus é matematicamente a divisão da circunferência zodiacal por 12 signos, ou seja, cada um deles tem 30 graus. Trocando em miúdos: sabendo que por volta do ano zero da chamada era cristã esse ponto vernal encontrava-se no início do signo de Peixes (a “Era de Peixes”), 4 mil anos antes ele estava em Touro. Muito bem, sabemos que no simbolismo astrológico aceito no ocidente é o signo de Áries que inicia a primavera, que tem o título de iniciador, de primeiro, de implantador. O que teria a ver a letra “A”, o boi ou o touro, a ver com a idéia de inícios se o signo de Touro é o segundo no sistema que usamos agora? 4 mil anos a.C. a constelação que despontava no horizonte a leste no início da primavera era a de Touro. Marcava-se ali um período de consolidação do homem sedentário, agricultor, que usava o touro como animal de tração ou que o idolatrava de algum modo. Mesmo numa manada de bovinos (búfalos, bisões etc.) há um macho alfa. Esse animal líder representava a idéia de inícios de que falamos. Difícil de conceber? É importante que tentemos nos situar numa época sem tentarmos aplicar os modelos de que podemos lançar mão na atualidade. Para entendermos o homem daquele período é preciso que saibamos até onde iam suas percepções, situando-nos nelas.

Não pretendo, neste artigo, discutir o processo de mudança de Touro para Áries na questão dos inícios, coisa que pode ser feita num trabalho posterior. Quero, antes de tudo, demonstrar que um simples ícone com o qual estamos habituadíssimos em nosso cotidiano guarda consigo um enorme manancial de informações que de algum modo ativa áreas de nosso inconsciente. Uma simples letra “A”, dependendo de como for colocada ou reproduzida, traz a idéia de dianteira, de força de decisão, de representação de um todo pela parte (o líder de uma manada é um representante, costuma ser um exemplar da melhor qualidade). Os princípios, as forças primordiais, os atos perpetrados de forma intuitiva e criativa que antecedem as formas elaboradas racionalmente, tudo isso está contido no “A”. Só que não nos damos conta disso e não percebemos o quanto somos afetados pelos conteúdos subliminares que constituem o histórico de um simples caracter.

Voltando à estrela de 5 pontas, antes de abordarmos a origem milenar do símbolo, notem que ele está sempre presente quando se quer demonstrar garra e luta. Outros atributos são a capacidade de decisão, o enfrentamento de desafios, honra, bravura, disposição para a batalha, expressão de vitória e de conquista. Expressão de superioridade com relação aos demais por ter-se passado pelo que podemos chamar de “o ordálio do herói”. Expressa também a busca de igualdade perante os grandes. Vemos isso em ícones como as estrelas que ornam os escudos de times de futebol vencedores. Há ainda o caso do escudo do clube Botafogo Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro, que retrata muito bem, por tratar-se de um esporte combativo e cheio de linguagem bélica (ataque, defesa, artilheiro...), a idéia de luta pela vitória. O escudo do Botafogo só assumiu a forma conhecida hoje, com a Estrela Solitária (de 5 pontas) certo tempo depois de vencer seu primeiro campeonato em 1910, ganhando a alcunha de “O Glorioso”. Obviamente os torcedores de times rivais irão discordar, mas isso não tira do símbolo a alusão ao desejo de vitória, de conquista de um “lugar no céu”.

Escudo do Botafogo Futebol e Regatas estilizado em 3D. Atenção para as 4 estrelas acima, representando 4 conquistas de campeonato.

Outros ícones conhecidos são:

- O Pentágono - ícone norte-americano do Ministério da Defesa, ou seria melhor dizer Ministério da Guerra?

- A bandeira do PT, Partido dos Trabalhadores, que neste mês de outubro de 2002 muito provavelmente elegerá seu primeiro presidente da República.

- A estrela do xerife, que vemos em filmes de caubói ou em imagens de policiais norte-americanos atuais? Por que em vez de uma balança, que sabemos ser símbolo da Justiça, eles usam uma estrela de 5 pontas (já cheguei a ver com 6 pontas, mas a freqüência maior é de 5). Ora, os “justiceiros” dos filmes de faroeste ou os “defensores da lei” em geral não portam uma balança e sim uma estrela. Alguns diretores fazem questão de focalizar as esporas nas botas dos heróis. Falando em herói, que tal o Capitão América, o “super-soldado”, que usa uma enorme estrela de 5 pontas no peito?

Com toda esta alusão a luta e bravura, percebe-se que a estrela de 5 pontas reúne entre seus mais importantes significados, os atributos mais positivos do planeta Marte, astrologicamente falando. Mais adiante falaremos sobre outras atribuições do pentagrama, como sua utilização na magia, por exemplo. Por ora, vejamos até que ponto o significado de Marte está atrelado ao da estrela, lembrando também que a referência à estrela do PT tem absoluta analogia com o simbolismo de que tratamos. Não pretendo discutir propostas políticas, mas o fato é que o PT traz consigo um discurso de luta, de batalha pelos direitos dos trabalhadores. Com sua cor vermelha, simboliza da mesma forma o aspecto guerreiro marcial. Note-se que Luis Inácio Lula da Silva, ícone do movimento petista, era metalúrgico, o que se afina perfeitamente com o simbolismo de Marte, planeta que rege os metais, em especial o ferro e o aço, liga metálica feita com ferro e carbono. Lula também tem Marte em conjunção com sua Lua, o que está de acordo com uma forte ênfase no simbolismo do planeta.

Bandeira com a estrela do Partido dos Trabalhadores

É correto afirmar que estrelas, tal como representadas iconograficamente, são representações do céu, das alturas, da astronomia, enfim, exortam o imaginário popular a olhar para cima e buscar algum significado, a tentar transcender o cotidiano. A concessão de uma estrela de 5 pontas é o mesmo que colocar o indivíduo entre os deuses ou entre os grandes de uma cultura. Mas como? Através de atos de bravura. É aí que o simbolismo do céu abre espaço para o guerreiro ou para o lutador corajoso. A propósito, um comentário é oportuno: as qualificações acima também são aplicáveis no feminino: guerreira, lutadora corajosa, etc. Coragem, como sabemos, independe de sexo. Há alguma dúvida? Que tal pesquisar a vida de Maria Quitéria de Jesus Medeiros, mulher soldado que lutou nas batalhas pela Independência?

Outro ícone marcial relacionado é o selo das Armas Nacionais do Brasil, com a estrela de 5 pontas ornando uma esfera celeste com o Cruzeiro do Sul.


Armas Nacionais

É obrigatório o uso das Armas Nacionais:
No Palácio da Presidência da República e na residência do Presidente da República; nos edifícios-sede dos Ministérios; nas Casas do Congresso Nacional; no Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores e nos Tribunais Federais de Recursos; nos edifícios-sede dos poderes executivo, legislativo e judiciário dos Estados, Territórios e Distrito Federal; nas Prefeituras e Câmaras Municipais; na frontaria dos edifícios das repartições públicas federais; nos quartéis das forças federais de terra, mar e ar e das polícias militares e corpos de bombeiros militares, nos seus armamentos, bem como nas fortalezas e nos navios de guerra; na frontaria ou no salão principal das escolas públicas; nos papéis de expediente, nos convites e nas publicações oficiais dos órgãos federais.

HERÓIS E BEM-AVENTURADOS

A estrela de 5 pontas traz consigo a idéia de atos de heroísmo que levam ao alcance da graça de habitar um mundo de bem-aventurados, seja o olimpo dos gregos ou o Paraíso, do pensamento medieval, que era associado ao céu. No mito vemos que Zeus costumava colocar heróis mortos, os bravos, e até mesmo os monstros, como a Hidra de Lerna, no céu, sob a forma de constelação. Esta visão, poetizada e retransmitida por homens como Homero, é uma espécie de fixação de uma grande saga para a eternidade, algo que todos precisam conhecer, como um legado, um modelo de virtude a ser seguido (Hércules vencendo a Hidra...). E isso mesmo que ele não tenha ocorrido de fato, que apenas faça parte do imaginário, ou que tenha sido um fato real e não tão grandioso, mas transformado em ato divino pela ótica daqueles que o repassaram a suas comunidades. A constelação, talvez seja uma parábola construída didaticamente no sentido de incutir nos indivíduos imagens sobre um caminho já percorrido. Caminho este que pode tornar a ser feito com boa desenvoltura por aqueles que compreendem a mensagem em suas entrelinhas e que, acima de tudo, têm coragem de dar passos em direção a ele. Assim, a concessão de uma estrela de 5 pontas ou o ato de um clube esportivo bordar uma em sua camisa tem um paralelo arquetípico no sentido de habitar entre os deuses, constelar entre heróis já constelados, ser divino ou ser grandioso segundo a ótica da bravura.

A cultura brasileira herdou dos portugueses a condecoração com medalhas e emblemas na forma de uma cruz como a Cruz da Ordem do Cristo. Se analisarmos cuidadosamente, esta cruz, cujas pontas têm dimensões iguais, sugere um quinto elemento central em seu eixo. A cruz da Ordem do Cristo está presente nas vidas de guerreiros e aventureiros e tem sua origem nas cruzadas. Pensemos melhor: por que era concedida uma condecoração em forma de cruz aos cruzados? Podem confirmar isso em trabalhos científicos: a cruz é o símbolo de sofrimento seguido de bem-aventurança, o símbolo divino segundo a mentalidade cristã. Ora, se é um símbolo divino e se a crença do senso comum é de que há para o “bom cristão” um “lugar no céu”, do que estamos tornando a falar? Exatamente! O ato de bravura dos guerreiros medievais refletia a mesma expectativa de “constelar” entre os grandes, de habitar os céus, de aproximar-se da divindade. O símbolo pode ter sido substituído em função de uma imposição religiosa e cultural, mas o “fator 5” continuava em funcionamento no design da cruz com um ponto central equidistante de suas quatro ramificações. Hoje o símbolo da estrela de 5 pontas, secular, dessacralizado para o ocidente, é usado em tantas ocasiões que tornou-se o elemento decorativo mais comum em festas e cerimônias. Não podia ser diferente, afinal de contas, ele traz à tona a necessidade humana de religação com algo superior através de uma atitude considerada socialmente como honrada, nobre e digna de comemoração como uma vitória sobre vicissitudes.

Mas as culturas são mutáveis, é verdade, e um símbolo pode adquirir facetas um tanto diferentes ao longo do tempo. É o caso contemporâneo de uma grande atuação em outra área que não a guerra que também pode ser passível de condecoração, seja com um ícone, seja com um título. Isso hoje, em diversas sociedades, equivale ao antigo ato de bravura, honra e heroísmo. Quando a sociedade é vista através de proezas de um de seus membros, especialmente se as proezas parecem ressaltar as virtudes que um povo atribui a si mesmo, este membro é exaltado como herói ou como nobre. Ele recebe algum tipo de insígnia, que varia desde uma cruz, como já vimos, estrela ou até mesmo um título de nobreza, como no caso do ator inglês Laurence Olivier, que recebeu o título de “sir”, pela coroa inglesa. Não surpreende o fato de “sir” ser um título que acompanha o de “cavaleiro”. A cavalaria era a elite social e militar da Idade Média (com origem na antigüidade), cuja mentalidade prezava pela realização de proezas, pela honra, bravura, coragem e aventura. O cavaleiro necessariamente era nobre para isso tinha que pertencer a uma linhagem, que era legitimada pela confirmação da Igreja.

MARTE NA ÁRVORE DA VIDA

Mas a relação entre o planeta Marte, segundo a visão astrológica, e a estrela de 5 pontas não pára por aí. Há quem tenha dificuldade em estabelecer a mesma relação entre ambos os símbolos acima e o sistema cabalístico. No entanto esta dificuldade talvez se deva à desinformação a respeito do próprio esquema da Árvore da Vida e das origens de tantas escolas ocultistas. Igualmente, há quem possa perguntar o que a Árvore da Vida e a Cabalá, que teria origem judaica (ou melhor, hebraica), teriam a ver com todo um simbolismo ocidental. Tudo a ver. O sistema de divisão das manifestações divinas visto no diagrama da Árvore, muito embora tenha assumido esta forma na Idade Média, tem origem extremamente antiga, no Egito ou na Mesopotâmia, algo em torno de 5 mil anos a.C. Talvez isso seja ainda mais antigo, mas não temos como saber. O importante é saber que nossa cultura parte do modelo greco-romano, que por sua vez foi profundamente influenciado por aquelas civilizações. Desse modo, permanece na estrutura ou na raíz de nossa mentalidade o amálgama cultural e histórico inicialmente mencionado neste texto. A cultura híbrida da Idade Média européia muito contribuiu para a construção da simbologia que conhecemos da Árvore. Para se ter uma idéia, Toledo, uma das cidades mais importantes do medievo em se tratando de rotas de comércio, peregrinação religiosa e escolas de pensamento foi um centro irradiador da Cabalá e de diversas outras linhas de pensamento. A estrutura hermética contida nos ensinamentos e mentalidades judaicas, cristãs, pagãs e muçulmanas contribuiu decisivamente para a formação de nossa cultura e essa mescla se fortaleceu a partir da Idade Média. Daí a importância em conjugarmos, hoje, uma linha de pensamento com a outra, de sermos sintéticos e inclusivos.

Marte, ou seja lá qual for o nome da divindade guerreira da qual estejamos falando, sempre estará localizado, numa hierarquia de 10 potências, na quinta posição. Isso, é claro, independe de ele ser mais ou menos importante do que alguma coisa. A quinta posição num esquema de descrição de uma realidade divina é um atributo específico cujos requisitos só são preenchidos por alguma coisa ou alguma divindade que tenha as características marciais que conhecemos. Observando daqui da Terra, se contarmos a partir do Sol, em ordem de distanciamento do mesmo, a posição dos planetas fica assim:

1- Sol;
2- Mercúrio;
3- Vênus;
4- Lua (não contamos a Terra, pois ela é nosso ponto de observação);
5- Marte.

Se fizermos a contagem a partir do diagrama da Árvore da Vida, temos o seguinte.

1- Kether - “primum móbile”, cujas características descritas por especialistas como Dion Fortune muito se assemelham ao que astrologicamente descrevemos como atributos do planeta Netuno.
2- Hochmah - apesar das controvérsias, suas características são claramente uranianas, segundo a visão astrológica.
3- Binah - a partir daqui as controvérsias parecem desaparecer e quase todos concordam que estamos falando de Saturno.
4- Hesed (ou Gedulah) - Júpiter. Notem que o número 4, relacionado à sephirah é extremamente semelhante ao glifo de Júpiter. A razão disso é que o glifo é que deu origem ao número como o conhecemos. O numeral arábico na verdade é hindu e os árabes que o conheceram fazendo comércio com a Índia, trouxeram o sistema para a Europa. A forma simplificou bastante os cálculos, que eram feitos com base em algarismos romanos.
5- Gevurah - Marte. Estamos vendo aqui uma série de alusões a seu simbolismo. É oportuno dizer agora que o algarismo 5 deriva do glifo de Marte, assim como o 4 vem de Júpiter e o 3 de Saturno. Os seguintes seriam corruptelas do glifos do Sol (6), Vênus (7), Mercúrio (8) e Lua (9). O 1, o 2 e o zero teriam, respectivamente, origens: 1 = no ponto; 2 = a metade do glifo de Júpiter (sem o traço vertical da cruz); 0 o infinito, o o tudo e o nada, a negação, a não existência, o divino que não pode ser concebido senão por suas manifestações espelhadas.

Gevurah também tem como um de seus ícones a estrela de 5 pontas. Tiphereth, a sephirah relacionada ao Sol, tem como um dos principais ícones a estrela de 6 pontas, conhecida como Selo de Salomão ou como Escudo de Davi. A idéia do 6 é a de união entre atributos aparentemente diversos, do “em cima” com o “embaixo”, do divino com o humano. É um sinal de aliança, como a descrita nos textos do Pentateuco (novamente um elemento quíntuplo) entre a humanidade e a divindade. O Sol, na Árvore, por sinal, ocupa um ponto central, de equilíbrio entre o mundo celestial e o mundo terreno.


A Árvore da Vida - Uma das Versões

Apesar de todo o simbolismo guerreiro de Marte, a estrela de 5 pontas também representa a quintessência, a união dos 4 elementos, Fogo, Terra, Ar e Água através de um quinto que os funde e lhes confere funcionalidade. É símbolo do ser humano, mentor da matéria e representante do divino no mundo. Para os wiccanianos não tão é diferente: a ponta superior representa o espírito, sendo as outras quatro pontas representando cada elemento. Todavia, o simbolismo pagão costuma representar o pentagrama com um círculo a sua volta. Ele simboliza, segundo esta ótica, o útero da Deusa. Isto tem um óbvio paralelo com a idéia de união do ser humano com a divindade, da manifestação dessa divindade na matéria ou no mundo cotidiano. O que para uns seria simbolizado pelo hexagrama, para eles parece sê-lo pelo pentagrama circunscrito.

O PENTAGRAMA INVERTIDO:
SÍMBOLO DO MAL?

A estrela de 5 pontas também ativa o imaginário popular no sentido negativo, ao se lhe atribuir uma conotação demoníaca, especialmente quando é representado com a ponta para baixo ou junto à cabeça de um bode. Segundo consta em sites especializados na religião wicca e em versões de estudiosos do simbolismo oculto, nenhuma ilustração conhecida associando o pentagrama com o mal aparece até o Século XIX. Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) ilustra o pentagrama vertical do homem microcósmico ao lado de um pentagrama invertido, com a cabeça do bode de Baphomet (figura panteísta e mágica do absoluto). Em decorrência dessa ilustração e justaposição, a figura do pentagrama, foi levada ao conceito do bem e do mal.

Quanto a isto, eis um trecho muito interessante de um texto retirado da Internet (o texto completo está em: http://members.tripod.com.br/EmporioWicca/penta.html)

Em torno de 1940, Gerald Gardner adotou o pentagrama vertical, como um símbolo usado em rituais pagãos. Era também o pentagrama desenhado nos altares dos rituais, simbolizando os três aspectos da deusa mais os dois aspectos do deus, nascendo, então, a nova religião de Wicca.

Por volta de 1960, o pentagrama retomou força como poderoso talismã, juntamente com o crescente interesse popular em Wicca, e a publicação de muitos livros (incluindo vários romances) sobre o assunto, ocasionando uma decorrente reação da Igreja, preocupada com esta nova força emergente.

Um dos aspectos extremos dessa reação foi causado pelo estabelecimento do culto satânico - "A Igreja de Satanás" - por Anton La Vay. Como emblema de sua igreja, La Vay adotou o pentagrama invertido (inspirado na figura de Baphomet de Eliphas Levi).

Isso agravou com grande intensidade a reação da Igreja Cristã, que transformou o símbolo sagrado do pentagrama (invertido ou não), em símbolo do satanismo.

A configuração da estrela de cinco pontas, em posições distintas, trouxe vários conceitos simbólicos para o pentagrama, que foram sendo associados, na mente dos neopagãos, a conceitos de magia branca ou magia negra. Esse fato ocasionou a formação de um forte código de ética de Wicca - que trazia como preceito básico: "Não desejes ou faças ao próximo, o que não quiseres que volte para vós, com três vezes mais força daquela que desejaste."
Na Grécia Antiga, era conhecido como Pentalpha, geometricamente composto de cinco As.

Pitágoras, filósofo e matemático grego, grande místico e moralista, iniciado nos grandes mistérios, percorreu o mundo nas suas viagens e, em decorrência, se encontram possíveis explicações para a presença do pentagrama, no Egito, na Caldéia e nas terras ao redor da Índia. A geometria do pentagrama e suas associações metafísicas foram exploradas pelos pitagóricos, que o consideravam um emblema de perfeição. A geometria do pentagrama ficou conhecida como "A Proporção Dourada", que ao longo da arte pós-helênica, pôde ser observada nos projetos de alguns templos.

Para os agnósticos, era o pentagrama a "Estrela Ardente" e, como a Lua crescente, um símbolo relacionado à magia e aos mistérios do céu noturno. Para os druidas, era um símbolo divino e, no Egito, era o símbolo do útero da terra, guardando uma relação simbólica com o conceito da forma da pirâmide. Os celtas pagãos atribuíam o símbolo do pentagrama à Deusa Morrigan.

Os primeiros cristãos relacionavam o pentagrama às cinco chagas de Cristo e, desde então, até os tempos medievais, era um símbolo cristão. Antes da Inquisição não havia nenhuma associação maligna ao pentagrama; pelo contrário, era a representação da verdade implícita, do misticismo religioso e do trabalho do Criador.
O imperador Constantino I, depois de ganhar a ajuda da Igreja Cristã na posse militar e religiosa do Império Romano em 312 d.C., usou o pentagrama junto com o símbolo de chi-rho (uma forma simbólica da cruz), como seu selo e amuleto.

Durante o longo período da Inquisição, havia a promulgação de muitas mentiras e acusações em decorrência dos "interesses" da ortodoxia e eliminação de heresias. A Igreja mergulhou por um longo período no mesmo diabolismo ao qual buscou se opor. O pentagrama foi visto, então, como simbolizando a cabeça de um bode ou o diabo, na forma de Baphomet, e era Baphomet quem a Inquisição acusou os Templários de adorar.

As sociedades secretas de artesãos e eruditos, que durante a inquisição viveram uma verdadeira paranóia, realizando seus estudos longe dos olhos da Igreja, já podiam agora com o fim do período de trevas da Inquisição, trazer à luz o Hermetismo, ciência doutrinaria ligada ao agnosticismo surgida no Egito, atribuída ao deus Thot, chamado pelos gregos de Hermes Trismegisto, e formada principalmente pela associação de elementos doutrinários orientais e neoplatônicos.

O Pentagrama é tão importante para um Wiccaniano, quanto uma cruz é importante para um cristão, ou como um Selo de Salomão é importante para um judeu. O Pentagrama representa o homem dentro do círculo, o mais alto símbolo da comunhão total com os Deuses. É o mais alto símbolo da Arte, pois mostra o homem reverenciando a Deusa , já que é a estilização de uma estrela (homem) assentada no círculo da Lua Cheia (Deusa).

Por último, é interessante disponibilizar aqui um exemplo da visão que a cultura ocidental tem da estrela de 5 pontas. Escolhi a exegese da bandeira do Estado de Rondônia para mostrar que mesmo um Estado relativamente recente do Brasil tem na descrição de sua bandeira conceitos semelhantes aos tratados nesta matéria (veja também o simbolismo das bandeiras dos Estados):

A Bandeira, Símbolo do Estado de Rondônia, segundo as regras já estabelecidas, de sua feitura, está representada em trabalho artístico executado nas cores VERDE (sinopla), AMARELO (ouro), AZUL (blau) e PRATA ("estanho") significando as potencialidades vegetal e mineral do novo Estado da Federação projetado e representado, como os demais estados, no céu da União, em forma de estrela, de prata, em disposição tal que seja, por um observador postado de frente para o oriente, imaginariamente situado no limite da fronteira, visualizada como o território ideal onde possa construir o seu futuro, onde possa concretizar a realização de seus sonhos, a materialização plena de seus anseios pessoais.

Defronta uma estrada verde (sinopla) projetando-se para frente, para o futuro, ao encontro do horizonte, até onde a vista sempre nunca alcance. Sua segurança não oferece dúvidas e a cada passo que nela avança, mais aumenta a confiança e a fé no futuro.

Percalços não existem por ela está assentada em solo firme, rico, promissor. É a magnificência: as riquezas em sentido amplo, abrangente; um horizonte (ouro), também ilimitado, inteiramente disponível às iniciativas que a imaginação possa permitir.

O conjunto solo-estrada, retratado nas cores nacionais (ouro-sinopla), ostenta a brasilidade de um torrão que – pela ousadia, espírito de aventura, de conquista e coragem de pioneiros de quantas bandeiras e de tantos outros que vieram também construir e solidificar o progresso – atingindo a sua plenitude, se levanta agora, altaneiro, firme todavia em sua base, em forma de ESTRELA. É uma estrela flamígera, perfeita, de cinco pontas; a quintessência triunfante, com todo seu esplendor de estanho (prata) projetando-se no céu azul (blau) da União.

Onde você pode encontrar mais referências ao simbolismo da estrela de 5 pontas:

- Cursos Astroletiva - Nível Fundamentos - Aspectos Astrológicos - Lições sobre aspectos menores, onde são descritos os aspectos quintil e biquintil, de 72 e 144 graus de arco respectivamente. Quando traçamos uma linha reta a cada 72 graus obtemos um pentágono regular circunscrito. Quando o fazemos com o ângulo de 144 graus, obtemos uma estrela de 5 pontas traçada continuamente, sem que precisemos retirar a caneta do papel. Estes aspectos estão presentes e em bastante evidência em mapas de pessoas com alta capacidade criativa e grande poder de iniciativa, entre outros atributos complexos descritos no curso.

- No seguinte endereço da Internet:
http://members.tripod.com.br/EmporioWicca/penta.html
- você encontra uma abordagem muito esclarecedora a respeito. Trata-se de um texto extremamente bem elaborado, que discute entre outras coisas as origens gnósticas e pitagóricas do símbolo, focalizando-o historicamente em figuras como Ticho Brahe e outros.

- Quanto à abordagem das letras hebraicas, iconografia e o alfabeto ocidental, juntamente com uma alusão à própria constelação de Touro, o livro “Progressão Lunar e Kabbalah” é uma referência. Outros livros muito esclarecedores e que serviram de base para o primeiro, são “La Letra, Camiño de La Vida” (ed. Kier - Argentina), e “O simbolismo do Corpo Humano” (ed. Pensamento - Brasil), ambos de Annick de Souzenelle.

Constelar - Última edição Astroletiva

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