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A Paralisia Astrológica
de Zé Dirceu

Carlos Hollanda


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Metáforas X Técnicas

A reportagem de capa da revista Istoé desta semana (edição de 31.03.2004), produzida por Florência Costa, Sônia Filgueiras e Weiller Diniz, introduz o texto sobre a crise política e toda a pancadaria que tem recebido o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, com algumas alusões a práticas astrológicas como metáfora para chamar a atenção. Eles se referem à suposição do “inferno astral”, fazendo as descrições que o senso comum passou a reproduzir, como “durar até o dia do aniversário”, “ser um período difícil em que as coisas dão errado” etc. Citam também o signo solar de José Dirceu, Peixes, e afirmam que “os astros reservaram a ela um inferno longo”, ao referirem-se ao dia 24 de março, data que dista de seu aniversário em oito dias, quando o ministro era repreendido pelo presidente. E é curioso como a percepção coletiva a respeito das funções de Dirceu convergem para o que todos podem chamar, sem muito esforço, de “primeiro-ministro”. Na prática era mais ou menos o que ele era, mesmo com um outro nome talvez mais pomposo.

Entretanto, havemos de convir que os competentes jornalistas autores da reportagem não são versados em astrologia. Não que tivessem que ser, mas a metáfora que pode funcionar bem para boa parte dos leitores igualmente não versados, pode também ajudar a reforçar certas percepções míopes do público para com a astrologia e seus conceitos. A questão do “inferno astral”, que já discuti mais de uma vez, no Astro-Síntese e na revista Constelar, é um tanto quanto controversa e posso dizer que em grande parte falsa. E é esta última parte que me preocupa, pois qualquer observador um pouco mais ponderado é capaz de ver que as épocas que antecedem o aniversário não necessariamente coincidem sempre com períodos atribulados. Estes podem ocorrer antes, depois, durante os 30 dias anteriores ao aniversário ou podem demorar um belo tempo para ocorrer.

Só para encurtar, o problema de José Dirceu também não é algo que os astrólogos diriam ser, como o senso comum erradamente pode deduzir, uma “influência dos astros”. Trata-se de um processo que vem ocorrendo há um bom tempo e que desemboca nesta situação que estamos vendo, nada mais natural que a já manjada lei de causa e efeito. Astrologicamente o que vemos, na verdade, é que Dirceu vivencia, sincrônica e analogamente, alguns períodos simbolicamente considerados tensos em seu mapa astrológico de nascimento e que coincidem, no tempo (daí o “sincrônica”), com seu calvário. Note-se que não estou dizendo que esses fatores astrológicos conduzem ou induzem o ministro a isso. Ao contrário, eles tão somente apontam o desenvolvimento de um padrão comportamental e circunstancial que indica uma época com potencial para crises. Contudo, mesmo sabendo que esses fatores astrológicos estariam presentes invariavelmente nesta época, vale lembrar que a crise que ele passa tem raízes anteriores que, juntamente com os aspectos feitos em algumas técnicas de prognóstico em astrologia, têm seu foco de manifestação mais visível nesse último mês. Se destacarmos entre essas técnicas apenas a progressão secundária da Lua sobre o mapa natal de José Dirceu, logo veremos aspectos completamente análogos à crise de poder atual: Lua progredida pela décima casa em quadratura com Marte radical na casa 7 (até o final de março) e Lua progredida em quadratura com Saturno radical na casa 7 (até o final de abril). Isso visto numa consulta de mais de um ano antes seria facilmente detectável pelo astrólogo e ele perceberia que a crise é muito, muito mesmo, mais do que um suposto “inferno astral”. A casa 10 lida com a posição que ocupamos em sociedade, isto é, o enquadramento que recebemos dela e nossa identidade perante o coletivo. É como nos identificamos para o mundo e que tipo de obras que fazemos que nos tornam conhecidos de um jeito ou de outro. A Lua progredindo na casa 10 nos torna evidentes para o público (no caso dele, ainda mais evidente), freqüentemente vindo acompanhada de modificações em nossas atribuições profissionais e em nossa imagem social, quer isso ocorra pela via da promoção e elevação do prestígio, quer pela degradação.

DECLARAÇÕES E METÁFORAS

A quadratura da Lua com Marte de Dirceu tem uma curiosa convergência com a metáfora utilizada pelos já citados jornalistas:

“(...) quando a crise no governo atingia a temperatura máxima com a iminente insurreição da base aliada no Congresso, Dirceu levava a mais ríspida repreensão do presidente Lula desde que assumiu as funções de primeiro-ministro. Em tom duríssimo, o técnico da seleção deu uma bronca em seu principal jogador e tirou de Dirceu a braçadeira de capitão: Lula decretou o banimento do ministro da Casa Civil do mundo político. “Zé, eu não quero você metido em política, não quero ver você polemizando e dando entrevistas. Quero você cuidando da administração.”


Mapa natal de José Dirceu (16.03.1946 - 00:10 A.M. - Passa Quatro - MG) no círculo central, mapa progredido para outubro de 2004, no círculo intermediário, e trânsitos planetários no círculo externo.

Eles chegaram a utilizar termos esportivos e a expressão “temperatura máxima”. Isso é puro Marte tensionado por aspectos em técnicas de previsão astrológica. A casa 10 também se refere aos empregadores ou àqueles que de algum modo funcionam como tal. E é isso que está ocorrendo com José Dirceu, cuja crise é ainda aprofundada pelo fato de Marte, em seu mapa natal, estar conjunto a Saturno, o que quer dizer que a Lua progredida também ativa o aspecto crítico da quadratura com este último. E na casa dos parceiros e oponentes (ênfase nos “oponentes”). Saturno é, entre outras coisas, significador de autoridades e de poderes administrativos, algo também relacionado a figuras paternas. Isso imediatamente remete à ideia de um poder patriarcal culturalmente associado à figura do presidente, por mais que Lula seja seu amigo e por mais que ele tenha gabarito para controlar a maior parte do governo. É Lula quem detém o título de presidente perante a sociedade, portanto, em termos de mentalidade coletiva, é ele quem detém a semelhança com a figura do “pai”. Outra coisa: Saturno é o significador da estabilidade, da credibilidade (assim como a casa 10) e da estrutura. É isso que está sendo bombardeado na vida de José Dirceu. Não custa tornar a lembrar a quadratura da Lua com Marte e a tendência que é tão comum nesse aspecto de exacerbarmos nossa agressividade e nossa necessidade de revide quando nos sentimos de algum modo aviltados. Aí recorro, mais uma vez, a um excerto da dita reportagem para ilustrar como isso funciona em muitos casos:

“A gota d’água que levou o presidente à exasperação foi a série de declarações desastradas de Dirceu ao longo da última semana. Lula avaliava que o caso Waldomiro já estava superado e Dirceu o ressuscitou ao atacar os tucanos quando a poeira assentava. O ministro, a quem caberia esfriar os ânimos e garantir estabilidade política, atiçou a crise, chacoalhou a economia, trepidou a base de apoio do Planalto no Congresso e levou ao ápice um problema que o governo suava para debelar. “Ele é a crise, gera crises permanentemente. Tem que submergir uns 60 dias e não abrir a boca”, aplaudiu um importante líder do governo.”

O ex-superministro chegou a cogitar deixar o cargo. Eu diria para ele suportar um pouco mais, apesar da pancadaria que ainda tende receber, já que na segunda metade de 2004 suas forças políticas podem estar retornando e ele pode vir a ser beneficiado com algum tipo de aumento de poder. A Lua progredida, que atualmente vem fazendo aqueles aspectos tensos com Marte e Saturno, fará, a partir de agosto (podendo antecipar um pouco seus efeitos) uma conjunção com Júpiter, que é um aspecto considerado um tanto favorável. Ele pode, inclusive, estar fazendo algumas viagens importantes ao exterior (o que não seria algo surpreendente, já que ainda ocupa uma pasta importante no governo de um país) e atuando ao lado de diplomatas na resolução de outros problemas complicados tanto da política interna quanto de relações internacionais.

UM POUCO DE TRÂNSITOS

Talvez Dirceu já esteja sentindo as características de Plutão em trânsito em quadratura com seu Meio do Céu, as de Saturno em trânsito em quadratura com seu Netuno (e esse aspecto coincide normalmente com fases um tanto depressivas) e as pressões já chegam a abalá-lo o suficiente para romper definitivamente com seu cargo. Vejamos a seguinte declaração de José Múcio Monteiro (PE):

“Eu gosto dele, o considero uma vítima, mas a situação
está beirando a insustentabilidade. Todo dia tem um problema”

Isso é a cara de Netuno na casa 10 do mapa natal sendo afligido por um aspecto tenso. A imagem que o indivíduo tem perante muitos pode ser a do falsário, do sonso, do salvador ou a da vítima. Tudo depende do contexto e do olhar de terceiros.

Seria interessante ele cuidar um pouco da saúde e entrar num programa de acompanhamento médico, quiçá algo que envolva exercícios controlados, se já não está fazendo isso. Ele pode engordar um bocado na segunda metade de 2004 e isso pode dar margem a problemas típicos do excesso de peso, colesterol etc.

Finalizando, outra curiosidade vinda da analogia entre declarações da imprensa e a oposição entre Saturno em trânsito com seu Ascendente:

“Com o ‘capitão do time’ fora de combate, presidente tenta vencer a imagem de paralisia do governo, mas crise política e economia estagnada atrapalham.”

O excerto acima é o início da reportagem publicada na Istoé. Os grifos são meus. A “imagem de paralisia” tem similaridade com a rigidez saturnina em aspecto tenso com o Ascendente, que é significador de “imagem”, forma exterior. José Dirceu de fato está paralisado ante a confusão em que se meteu e tem agora seus movimentos e poderes limitados. Entendendo “economia estagnada” ou melhor, a idéia de economia como algo relacionado também à casa 2 (embora não seja ela o único significador desse conceito) fica patente a relação entre as tensões recebidas por Saturno, regente clássico da casa 2 em Aquário, através da Lua progredida e pelo trânsito de Saturno em aspecto tenso com alguns pontos cruciais de seu mapa.

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