Histórias Incríveis

Raul V. Martinez, Marylou Simonsen e Antonio Carlos Harres


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5o. Simpósio Nacional de Astrologia do Sinarj:

16 e 17
de agosto
de 2003

Trânsitos: o mapa em movimento - novo curso, novos textos e muito, muito mais conteúdo. Veja em
Astroletiva

Veja também os cursos:

Astrologia Médica,

Interpretação
Método Clássico

Planetas em signos e casas


 

 

Precursores da Astrologia no Brasil
Depoimentos
 
Raul V. Martinez, Marylou Simonsen e Antônio Carlos Harres lembram Juan Müller:

Auxiliei o Dr. Müller a ministrar o curso de extensão universitária, Astrologia Clínica, em 1979, na PUC de São Paulo. Foi o primeiro curso de astrologia ministrado regularmente em uma universidade brasileira. Esse curso, com grande procura e repercussão, não teve continuidade devido a pressões, principalmente de evangélicos, que chegaram a classifica-lo até como sendo “coisa do diabo”...

Mas seu grande mérito, possivelmente tenha sido o de ter contribuído bastante para mostrar que existe outra astrologia, diferente dos "horóscopos" de jornais e revistas. Sua importância e repercussão se deu não apenas por ter sido ministrado em respeitável instituição de ensino, mas por ter tido como professor responsável um conhecido, culto e prestigiado psicólogo clínico, que abertamente utilizava o conhecimento astrológico (e alquímico, em algumas circuntâncias) no tratamento de seus pacientes.

Martinez

O que posso testemunhar de Müller já expus em minha introdução à história da Astrologia no Brasil (revista Constelar). Mal me conhecendo me convidou a proferir palestra no Primeiro Colóquio de Astrologia que presidiu. Apoiou integralmente a iniciativa de fundação da Escola e Revista Júpiter de Astrologia bem como a criação e os eventos promovidos pela SARJ.

Estando uma vez em seu consultório com outros colegas, me perguntou se estava com algum problema no intestino. De fato, Saturno estava em conjunção a meu Saturno em Virgem - deu-me um remédio homeopático que tinha à mão que já após a primeira dose acabou com o problema. Tendo o Sol e a Lua em Câncer junto a Plutão, e Saturno no Ascendente, em Sagitário, unia, como poucos, percepção e conhecimento. É uma das pedras angulares da Astrologia no Brasil.

Harres


Olavo de Carvalho foi quem me apresentou ao Dr.Müller em 1978, quando eu era uma iniciante nos estudos da astrologia. Como disse o Bola (Harres), ele não só foi um grande incentivador da Escola Júpiter como participou de todos os seminários e workshops por nós organizados. Foi uma época fantástica, e um grande privilégio conviver e aprender com pessoas como o Dr. Müller, Dr. Raul Varella e o Prof. Zeferino Costa todos detentores de um grande conhecimento.

Simonsen


Marylou Simonsen lembra Emma C. de Mascheville:

Já a Dna. Emy é outra história... Posso dizer que a minha vida jamais foi a mesma depois do nosso primeiro encontro na casa do Bola; com certeza foi um caso de amor à primeira vista. Nos adotamos imediatamente como mãe e filha. Todas as vezes que ela vinha a São Paulo ficava hospedada em minha casa. Posso dizer que pude beber na fonte do seu vasto conhecimento. Dessa forma, conviveu com minhas cinco filhas e ao analisar seus mapas natais me orientou como compreendê-las melhor em suas diferenças "zodiacais". O que mais me encantava além da sua vasta cultura e experiência (mais de 30.000 mapas interpretados) era o carinho e a paciência infinita que ela tinha com clientes e alunos e sobretudo seu interesse e compaixão pelas limitações humanas. Tinha uma mente original e criativa, gostava de compartilhar, ensinar e tinha também um coração generoso. Ela tinha Sol em Aquário na quinta casa e Vênus em Peixes. Dna. Emy mostrou-me a alma da astrologia.

Mas não podemos esquecer de mencionar o Willy Wirtz (o homem que sabia tudo!)

Simonsen

Antonio Carlos Harres lembra Willi Wirtz

Numa das edições de Planeta, o casal Willi e Amanda Wirtz foram alvo de uma extensa matéria. Willi nasceu em Soloturn, na Suíça, em 15 de março de 1900, às 14 hs. Dêem uma olhada, vale a pena.

Contava que nos alicerces de sua casa Júlio César amarrou seu cavalo para descansar. Ele foi um dos primeiros aviadores europeus do século passado, estudava medicina e tocava violino.

Como a queda daqueles primeiros aviões era constante combinou com um colega piloto que o primeiro que morresse avisaria o outro de que havia algo depois da morte. Enquanto tocava violino, acompanhado pela irmã ao piano, teve o único desmaio de toda a sua vida. Depois constatou que o horário do desmaio coincidia com o da queda fatal do avião de seu amigo. Passou então a buscar uma resposta e foi parar numa conferência de Rudolf Steiner, do qual se tornou discípulo, colaborador e amigo a ponto de auxilia-lo manualmente a construir o primeiro templo antroposófico, o Gotheanum.

Veio para o Brasil trazido por seu irmão e juntos fundaram a Relojoaria Maister no RJ e tendo se tornado famoso por sua habilidade em reconhecer marcas, anos de fabricação e até número de série de relógios de bolso, foi levado à presença de Getúlio Vargas que era um grande apreciador de relógios. Ao entrar na sala, Getúlio tirou seu relógio do bolso e Willi, sem pestanejar, antecipou que se tratava de um Pateck Phelip, que provavelmente Getúlio deveria ter ganho em sua formatura e que pertencia a um determinado número de série, deixando embasbacado o pequeno caudilho gaúcho.

Durante a II Guerra, Willi foi preso como suspeito de espionagem por dar aulas no colégio alemão do RJ. Levado para uma cela onde estavam presos cinco autênticos nazistas foi ameaçado de ser surrado caso não desse a eles uma boa explicação porque não era nazista, já que eram todos pais de alunos que o conheciam por sua posição anti-nazista. Willi disse que eles poderiam bater nele sob uma única condição: que pelo menos um deles tivesse lido “Mein Kampf” (“Minha Luta” - livro autobiográfico que o ditador nazista escreveu na prisão depois da tentativa do golpe de Munique). Nenhum havia lido! E Willi esbravejou:

“Não sou nazista por que eu li! E na página tal e parágrafo tal ( ele tinha uma memória extraodinária ) está escrito: ‘o ódio é uma força santa e sagrada...’ E você, Sr. Fulano (não lembro os nomes), que é pai de um menino que é meu aluno e você, Sr. Sicrano, que é pai de uma menina que é minha aluna, sabe que alguém que escreve isso é um louco”.

No dia seguinte o cônsul suíço em pessoa veio lhe tirar da prisão e o governo brasileiro lhe pediu desculpas formais. Willi guardava tudo. Isso lhe fez chegar a ter dois apartamentos abarrotados de livros e papéis a ponto de não puder habitar nenhum deles e morar numa pensão! Foi nessa altura que conheceu Amanda Vieira, que tendo o Sol sobre a Lua dele, pôs ordem em sua vida.

Na casa de Willi e Amanda não havia eletrodomésticos, nem móveis. Ele era capaz de fazer 21 dias de jejum tomando apenas água, com mais de 80 anos de idade. Era inteiramente pacifista e, no mosteiro que ajudou a fundar em Resende, junto com Leo Costet de Mascheville - filho mais velho de Albert Raymond Costet de Mascheville que veio a ser esposo de Da. Emy e seu iniciador na Astrologia - ele era encarregado de apresentar as jararacas aos recém-chegados. Ele as pegava com a mão e jamais o morderam. A não ser uma vez em que, para provar a céticos o poder da acupuntura, fez com que uma delas o mordesse na mão e o Dr. Frederico Speth colocasse agulhas em torno da picada neutralizando o veneno. Conhecia profundamente entre outras coisas antroposofia, cromoterapia, acupuntura, astrologia, yoga, iridologia, radiestesia, naturismo, vegetarianismo, homeopatia, astronomia, geografia, música, geometria, matemática, etimologia. Dominava o iídiche, sânscrito, grego, latim, inglês, alemão, francês, português, espanhol, italiano e era um divulgador e defensor ferrenho do Esperanto. Era apaixonado por apicultura e dedicou-se a amansar as abelhas africanas. Quando o conheci tirou a carteira do bolso e mostrou uma frase feita com marcador plástico que ele colou por sobre a capa da carteira. Lia-se: “Willi Wirtz, paspalhão” - e, em seguida com um olhar maroto, virava para mostrar o outro lado onde se lia: “mas em busca da luz...”

Me disse também, naquele primeiro encontro, que o planeta Terra era uma espécie de hospício e que todos que nasciam aqui eram mais ou menos loucos, que não havia ninguém inteiramente são. Na minha ingenuidade do início dos 30 anos discordei e disse que ele tinha uma visão um pouco pessimista da humanidade. E ele respondeu que de vez em quando enviavam um médico ao hospício com uma receita para que eles vivessem melhor, citando como exemplo Jesus e Ghandi, mas que os loucos mais do que depressa pregavam ou matavam a tiros os médicos que ousavam tentar curá-los. Foi o secretário do Primeiro Colóquio Brasileiro de Astrologia e organizou um dos documentos históricos mais importantes que foi o livro de presença do evento. Pouco antes de morrer ele o entregou a mim, dizendo que um dia o doasse para a ABA. Fiz isso o ano passado depois que o Dr. Müller - primeiro presidente da ABA e do Primeiro Colóquio de Astrologia - teve sua expulsão da ABA revogada post mortem, motivo pelo qual me mantive 20 anos dela afastado.

Willi era também profundo conhecedor de ufologia e foi o único consultor civil para a FAB sobre ovnis. Tendo levado para a acupuntura um tratorista que fora encontrado paralizado por um raio de uma arma extra-terrestre e que passara a sofrer de náuseas e pânico, recebeu através daquele homem simples uma mensagem telepática dos extra-terrestres, explicando porque não poderiam aceitar o pedido de encontro que Wirz fizera, pois aquilo iria causar-lhe tal choque que sua mente iria se desorganizar. Ironizava, depois disso, dizendo que tudo o que estudara e sabia só tinha servido para lhe impedir um contato de terceiro grau com os extra-terrestres.

Bem, posso escrever ainda o dobro de outras histórias incríveis de Willi Wirz, mas não posso deixar de falar de Amanda, que tinha mão mágicas, capaz de retirar de meu corpo qualquer ponto de tensão e me levar a entrar em contato com emoções e sentimentos memorizados em meu físico. Eram dois corações infinitos, verdadeiros comunitários que dividiam tudo o que possuíam. Espero ter o mérito de lhes reencontrar numa próxima vida e ser capaz de, ainda nesta, alcançar uma pequena parcela do humanismo de que eles deram testemunho com suas vidas.

Harres

Raul V. Martinez lembra Willi Wirtz:

No início dos anos 80, falando com Willy Wirtz, sobre a seqüência de fatos históricos importantes, que ocorriam em intervalos cada vez menores no transcorrer do tempo, ele comparou esse processo ao curso de partícula que flutua em tanque com água, que se esvazia por ralo aberto. A partícula em suspensão sempre gira com velocidade crescente, até ser sugada pelo vórtice final.

Willy Wirtz acreditava que nossa civilização, dentro da escala de tempo apropriada a ela, já estava no redemoinho final. Acreditava que esse movimento se dava de Leste para Oeste, e que seria sentido com mais intensidade nos grandes centros urbanos. Isso, acrescido por seu amor à natureza, fez com que saísse de São Paulo, para ir morar mais para dentro do país (em Mato Grosso, creio). Não tive mais notícias dele. Mas, com certeza, onde estiver, está bem, iluminando o lugar com sua sabedoria.

Martinez

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