Redescobrindo a Verdadeira Essência da Astrologia - Parte 6
Otávio Azevedo

Mais e mais perguntas do astrônomo no jogo do "agora eu te peguei"... Pegou quem?

Nos dois últimos artigos desta série vimos tratando das questões levantadas pelo astrônomo norte-americano Andrew Franknoi, onde pretendia desmoralizar a astrologia através de dez perguntas que "deixariam qualquer um sem resposta" e que foram publicadas em Junho de 1990 na revista "Super-Interessante". Como já foi dito anteriormente, as questões colocadas foram respondidas por ele próprio, numa lógica marota e debochada. Já respondemos às sete primeiras perguntas nos dois números anteriores de Universus. Vamos, então, complementar nossas colocações às três perguntas restantes. As respostas dadas pelo cientista às suas próprias perguntas estão em itálico. Em seguida, coloco meus comentários.


8)- "Se a influência astrológica é exercida por alguma força conhecida, por que os planetas dominam ?"


Se os efeitos da Astrologia podem ser atribuídos à gravidade, à força das marés ou ao magnetismo (cada qual evocado por uma escola diferente), mesmo um calouro em Física poderia realizar os cálculos necessários para ver o que realmente afeta um recém-nascido. Esses cálculos estão formulados para muitos casos diferentes no livro "Astrologia: Verdade ou Mentira" de Roger Culver e Philip Ianna. Por exemplo, o obstetra que faz o parto exerce uma força gravitacional cerca de seis vezes superior à de Marte e cerca de dois trilhões de vezes maior do que a da maré. O médico pode ter muito menos massa do que o planeta vermelho, mas está mais perto do bebê.


(O.A.) O cientista volta a propor uma questão baseada em influências físicas, que não tem nada a ver com a astrologia, como já mostramos exaustivamente. Não existe força gravitacional, força de maré, onda eletromagnética, ou força de espécie alguma que seja responsável por "efeitos astrológicos". A astrologia trabalha com analogias entre funções, através do "Princípio de Correspondência". Eu não conheço as escolas astrológicas às quais o cientista se refere, mas provavelmente foram onde ele aprendeu astrologia. Penso que ele deve ter passado um tempo na "Escola da Gravidade" e outro na "Escola da Maré" mas seguramente jamais freqüentou algo que tivesse a ver com astrologia, que não tem nada a ver com tudo isso.

Parabenizo Roger Culver e Philip Ianna que devem ter gasto um bom tempo a serviço do nada. Ao aplicarem seu tempo e esforço para demonstrar coisas do tipo que a atração gravitacional do obstetra é seis vezes superior à de Marte (a do meu deveria ser sete, pois o homem era bem gordo), e dois trilhões de vezes maior que a da maré, falharam apenas ao colocar um título errado no livro, que deveria se chamar: "Acredite Se Quiser !". Penso até que se tornaria um best seller, já que existe uma infinidade de pessoas interessadas nestes assuntos.


9)- "Se a influencia astrológica é exercida por uma força desconhecida, por que não depende da distancia ?"


Todas as forças de longo alcance conhecidas no Universo ficam mais fracas à medida que os objetos se distanciam. Mas, como seria de esperar de um sistema que tem a Terra no seu centro, imaginado há milhares de anos, as influências astrológicas não dependem em nada da distância. A importância de Marte num horóscopo é idêntica, esteja o planeta do mesmo lado do Sol que a Terra ou sete vezes mais distante, do outro lado. Uma força independente da distância seria uma descoberta revolucionária...


(O.A.) O cientista volta a repetir a pergunta anterior com outras palavras. Aqui, como em várias outras alegações, ele antepõe fatores físicos a uma arte que se baseia em correspondências analógicas. Da minha parte não vou cansar o leitor repetindo as mesmas respostas para as mesmas perguntas. Vide resposta anterior.


10)- "Se a influência astrológica não depende da distância, por que não existe astrologia de estrelas, galáxias e quasares ?"


O astrônomo francês Jean-Claude Pecker observou que os astrólogos parecem ter uma mente muito estreita quando limitam seu ofício ao nosso Sistema Solar. Bilhões de corpos espalhados por todo Universo deveriam somar sua influência à dos pequenos Sol, Lua e planetas. Será que um cliente, cujo horóscopo omite os efeitos de Rigel, do pulsar do Caranguejo e da galáxia M31, recebeu um mapa astrológico realmente completo ?


(O.A.) Nova repetição, desta vez da pergunta numero cinco. Faltava mais essa para completar o mágico número dez, e como não conseguia criar mais nada, o cientista resolveu dar uma nova pintura na quinta pergunta.

Apenas relembrando, todos estes conceitos, todos estes infinitos pontos e corpos do universo, são importantes para os astrônomos, mas não para os astrólogos. Pode-se trabalhar apenas com os planetas até Saturno, ou só com o Sol, Lua e Ascendente, ou com alguns planetas associados à observação do vôo dos pássaros, que também é uma mandala arquetípica, como tudo o mais na natureza. Os astrólogos usualmente utilizam como plano de referência o Sistema Solar, e trabalham com os pontos que conseguem associar e sintetizar. Isto tem um limite natural marcado pela capacidade do cérebro humano de interligar várias coisas. Como o fenômeno astrológico é acausal e não depende de forças, energias ou distâncias, é totalmente irrelevante o nível de intensidade solar ou a atração da Lua sobre as marés ou a posição de Marte no afélio ou no periélio. A astronomia é física e estuda distâncias, medidas e interações energéticas; a astrologia não é física e estuda a sincronicidade, um fenômeno acausal.

Aqui o cientista encerra seu discurso sugerindo um coquetel de planos de referência para a astrologia, misturando o Sistema Solar com planos cósmicos. Talvez ele ache que o mapa astrológico deva conter o Sol, os planetas, todas as estrelas do céu, buracos negros, cometas, naves espaciais, óvnis, satélites, asteróides, planetóides, o Alien, o Flash Gordon e o Michael Jackson. É um caso a se pensar a respeito.


O CASO DOS GÊMEOS

Gostaria de apresentar a seguir mais uma questão que é usualmente colocada por aqueles que querem "provar" que a astrologia é incoerente. Neste caso, foi uma das seis perguntas que me foram feitas pelo astrônomo Sérgio Menge de Freitas num recente debate publicado na revista "Incrível" (Editora Bloch) de Janeiro de 1997. As outras cinco perguntas deste debate são semelhantes às apresentadas anteriormente e, portanto, julgo desnecessário reproduzí-las aqui.


11)- "Por que dois gêmeos, nascidos com no máximo dois minutos de intervalo entre um e outro, podem apresentar personalidades tão diferentes? Outra pergunta na mesma linha: muitas pessoas morrem num mesmo acidente, como foi o caso desse avião que caiu recentemente em São Paulo. Será que o mapa astral de todas essas pessoas anunciava igualmente a proximidade da morte ?"


(O.A.) Gêmeos vivem vidas análogas, porém às vezes bem diferentes. Existem vários casos documentados de gêmeos que se separaram e reencontraram-se anos após, tendo vivido experiências bem semelhantes, mas nunca iguais, já que a vida não se repete. A astrologia leva em conta um fator que não importa à ciência: existe um espírito, uma alma em cada ser. Assim, dois gêmeos viverão experiências de mesmo caráter simbólico, mas sob diferentes circunstâncias, já que provavelmente estarão polarizados em diferentes níveis. Um exemplo simplista: um dos gêmeos pode casar com uma bailarina e o outro com uma alcoólatra. Parecem situações bem diferentes, não é? No entanto, é fácil para um astrólogo detectar a analogia entre estas "diferentes" experiências vividas por gêmeos. Isto mostra também que a astrologia não permite fazer previsões concretas e objetivas, como normalmente são exigidas dos astrólogos, já que cada indivíduo pode manifestar os princípios contidos no seu mapa astrológico sob diferentes formas e em diferentes níveis. No entanto, pessoas nascidas na mesma hora e local terão experiências análogas.

Quanto àqueles que morrem num mesmo acidente, certamente há algo que aponta a proximidade da morte. Ampliando o enfoque desta pergunta, eu diria que existe uma grande nave na qual morrem milhares de pessoas todos os dias, por diferentes motivos. Esta nave chama-se Terra.

Existe uma falácia neste raciocínio, já que pretende-se induzir o interlocutor a considerar que as mortes ocorridas num desastre de avião, por exemplo, têm um desfecho igual. Não têm! Apesar estarem na mesma nave (e não nos esqueçamos da "nave" maior, a Terra), cada personagem desta infeliz história irá vivenciar este momento de uma maneira totalmente diferente. Alguns morrerão de um ferimento no rosto, outros no abdômen, outros de queimaduras, outros de susto. Alguns estarão dormindo e outros em desespero. A nave em comum é apenas um detalhe, já que estamos sempre numa nave comum maior. Na astrologia não importa muito o fato em si, mas sim a qualidade deste fato, a forma como foi vivenciado. É este fator individual que é apontado no mapa astrológico.

No acidente em São Paulo, vários não embarcaram em cima da hora, outros desistiram e alguns que não eram para ir acabaram indo e morreram. Será que tudo isso foi por acaso?... Eu afirmo que não! Certamente o mapa natal destas pessoas mostra a qualidade individual deste momento.

Felizmente a astrologia não permite prever a priori momentos como estes, já que aponta apenas a qualidade das experiências que passamos na vida. Esta qualidade pode ser prevista; o fato em si só fica evidente quando acontece. E o fato é apenas um recurso, um meio do qual a natureza se vale para provocar uma determinada vivência.


REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE I

REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE II

REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE III

REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE IV

REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE V


REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE VI

REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE VII