Titãs, Titânides
e as filhas de Crono

Júnia Caetano


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14 DE DEZEMBRO DE 2003

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DE NOVO ESTÁ
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ASTROLOGIA E REVOLUÇÃO


18 DE OUTUBRO:

100 ANOS
DE

EMMA
COSTET DE MASCHEVILLE

(entrada franca)


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As Filhas de Crono: Saturno em Família

“Do número total de doze Titãs e Titânidas, três irmãos tomaram três irmãs como esposas. (...) Réia desposou Crono, a quem deu três filhas e três filhos : as grandes deusas Héstia, Demeter e Hera, e os grandes deuses Hades, Posidon e Zeus. “

Karl Kerényi/ Os deuses gregos

As filhas de Crono e Réia:

Héstia é a deusa do lar e da serenidade; o fogo da lareira que era aceso invocando sua força realizava a alquimia de transformar as sementes em alimento; quando uma jovem se casava, antes de ir para o seu próprio lar, levava da casa de sua mãe o fogo da lareira, simbolizando a luz que a mulher ancora no seu papel de mantenedora da família e da estrutura doméstica.

Deméter é uma deusa ligada à fertilidade e à agricultura., responsável pelo amadurecimento dos grãos, ensinou os homens a plantar e as mulheres a fazer o pão. Como mãe de Perséfone , simboliza os vínculos profundos que implica a maternidade.

Hera é a deusa do matrimônio ; governava o Olimpo junto com o marido, Zeus. Soberana , ciumenta e vingativa , simboliza a estrutura social da família e o conservadorismo .

Na mandala astrológica, Saturno faz oposição à Lua, símbolo do feminino em todas as formas.

Saturno transitando por Câncer fará emergir assuntos da casa IV, e na tradição ele aí está em exílio.

Passagens de Saturno em Câncer:

junho 2003/ julho 2005
agosto 1973 / setembro 1975
Junho 1944 / agosto 1946
Maio 1915 / junho 1917

Nestes últimos noventa anos aconteceram muitas alterações nos padrões e condutas familiares , e por uma série de fatores, cada vez mais o feminino foi se afastando de sua função agregadora que mantém a casa IV.

Saturno visitando Câncer ( e no último século na época de duas grandes guerras mundiais), é como o pai Crono revendo suas filhas, em sua visita periódica, anunciando outros tempos, outras medidas.

Nos tempos modernos houve uma inversão de valores; a Lua subiu para casa X e Saturno desceu para a IV.

Quero dizer, a mulher abdicou de sua total dedicação ao lar e à família para atingir outros objetivos enquanto o homem via seu pátrio poder ameaçado.

Muitos homens passaram a se relacionar com a paternidade com mais presença e assumindo o papel de educador e não só o de provedor, enquanto muitas mulheres abriam mão da função biológica da maternidade enquanto não se realizassem como profissionais.

A casa IV e Câncer têm correspondência com o clã, a casta, a tribo e Saturno nos chama para a responsabilidade que é a formação dos vínculos familiares, e as conseqüências terríveis de lares desagregados trazendo sérios desajustes sociais.

Imagino Crono chegando e se perguntando, por onde andam minhas filhas ?

Quero dizer, onde andam as forças que sustentam a família, os elos da casa IV ?

A dona de casa, a mãe e a esposa já não têm o mesmo sentido que antigamente.

Héstia, Deméter e Hera já não são vivenciadas e quase que ignoradas.

Imagino também elas três , indignadas, perguntando ao pai por onde esteve durante tanto tempo... como no mito, nas famílias atuais, os filhos são devorados, só que pela ausência paterna.

Em meio à sensibilidade lunar ,suas filhas herdaram seus traços ,e talvez para lidar com assuntos da casa IV seja mesmo necessário .

Lares de mães solteiras, de mães descasadas, de mulheres que não tiveram de volta seus parceiros mandados à guerra, mulheres criando seus filhos de outros casamentos...em jornadas duplas, tudo muito desparcerado, sem a presença física e arquetípica do pai.

No que tem se transformado de fato esse eixo cardeal da mandala ?

E é Saturno que chega do trabalho e não encontra mais nada, à não ser as contas que devem ser pagas .

A Mulher, a Família
e a Inversão no Masculino

Onde está Hera, que hoje não se contenta em andar de braços dados com seu esposo e nem se dá mais conta de que seu apoio mantém a tradição da família e que em outros tempos garantia a coesão da mesma ?

Onde anda Deméter, que foi rejeitada em sua mais sublime função, que é a da maternidade, e que hoje é vivenciada apenas em seu aspecto primário que é a gravidez , desistindo dos cuidados que antes eram dispensados por muitos anos ao seus filhos ?

Onde anda Héstia, que não vê mais seu fogo aceso, que fazia da casa um santuário, com sua função alentadora. ?

Saturno , guardião do meio- do –céu, visitando Câncer, é como o pai de família que sai mais cedo do trabalho e chega em casa de surpresa e que também se surpreende, encontrando muitas vezes a lua minguando, já sem forças de segurar sozinha toda a estrutura familiar.

Quem sabe não estará vindo ele para pôr ordem na casa, se reconciliar com suas filhas, resgatando seus poderes?

Num nível mais profundo pode ser esse um chamado para o poder cardeal que impera no setor IV e venha estimular a consciência do feminino, ancorando mais proteção e atenção á família ,em âmbito planetário , como também ,um despertar da figura paterna, tão urgentemente solicitada.

Câncer , Capricórnio e Saturno se manifestam pelo mesmo raio, o terceiro, atividade inteligente, que organiza e estrutura as formas. Um de seus atributos é a capacidade de promover prioridades e a separatividade um desafio. O senso de pertinência, qualidade canceriana, será chamado mais à rigor por esse transito.

Observar os padrões que são vivenciados pelos familiares, de geração em geração, todo o histórico que faz cada um de nós estar aqui e ver nosso papel inserido dentro desse contexto , pode significar um momento poderoso de compreensão , como por exemplo sobre a hereditariedade , que pertinente à esse eixo, nos deixa avançar só até certo ponto. Saturno, em seu posicionamento de exílio ,pode impedir que ele vá para a cozinha lavar as louças ou que não tenha muito jeito para distrair as crianças...mas sem dúvida que sua presença faz a diferença.
Um reparo numa porta que vive empenando, o conserto do telhado que há tempos provocava goteiras, a pintura das cercas no jardim ...reparos no templo interno, no mais profundo significado desse padrão que é a casa IV.

Talvez, depois de se acusarem entre si e de “lavar muita roupa suja”, sentem todos à mesa para o almoço de domingo e se recordem dos tempos em que as filhas deusas reinavam soberanas e que o lar era muito mais que um conceito ou um monossílabo e que se lembrem dos tempos em que mostravam à ele o boletim escolar e que pediam permissão para ir aos bailinhos ,tendo na saída , as esperando , o pai sisudo zelando por sua segurança.

Que belo encontro de família pode vir a ser!

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