Dia Chuvoso
por Christiane Schulz

Ela estava sentadinha no degrau de sua casa. Olhava para o infinito, pensando no que fazer, já que a chuva não parava de cair e suas brincadeiras estavam todas proibidas por aquela chuva que teimava em cair e não parava.

De tão pensativa, começou a contar as gotinhas que caiam a sua frente. Pensou quanto tempo elas viajaram para morrer ali, naquele cimento frio e triste. Pensou na sorte de outras que estavam caindo felizes em algum campo ali perto e que poderia ser alimento de alguma plantinha ou enchendo o rio para algum animalzinho poder beber.

E porque justo aquelas que vinham tão felizes também, tinham que acabar sua trajetória naquele cimento tão cinza e ainda por cima, terminarem sua viagem em um bueiro?

E começou a reparar como cada uma caía, como desciam a rua, como formavam juntas um filete de água até o bueiro. E reparou também que todo esse movimento a deixou feliz por esses momentos, tal qual a plantinha e o animalzinho do campo que ela havia pensado antes.

A chuva havia parado quando ela levantou feliz por ter acompanhado suas amigas gotinhas todo aquele tempo, no qual esqueceu seus brinquedos, a tristeza pelo tempo ruim e por não ter o que fazer.
Pensou e viu que aquelas mesmas gotinhas, que antes ela achara que estavam infelizes por cairem no cimento frio da rua, fizeram a sua alegria e o tempo ruim passar.