Amigo é Coisa pra se Guardar...
Paulo Henrique Dantas - fale com o autor

Pensando elementos da amizade
a partir de dois filmes europeus

Qualquer pessoa pode compreender as dores de um amigo, mas é necessário uma natureza muito especial para compreender o sucesso de um amigo.
Oscar Wilde

Por mais ricamente dotados que sejamos, sempre nos falta alguma coisa, os melhores dentre nós têm o sentimento da sua insuficiência. É porque buscamos em nossos amigos as qualidades das quais carecemos, pois, unindo-nos a eles, participamos de alguma maneira da sua natureza e nos sentimos então menos incompletos.
Émile Durkheim

O filme “Elas”(Elles), do cineasta português Luis Galvão Telles, é passado na França dos anos 90 e conta a história de cinco amigas, todas na faixa dos quarenta anos de idade. Linda é jornalista, e apresenta um programa feminino na televisão. Tem um caso com Gigi, um dos diretores da rede, que a ama e procura fazer seus gostos. Mulher independente, dedica-se quase que exclusivamente ao seu trabalho, e no momento está envolvida com um documentário sobre os maiores desejos de mulheres na sua faixa etária. No seu apartamento (Linda mora sozinha), Gigi pode ficar até às três da manhã; nesta hora, todos os dias, o despertador toca, dando-lhe o sinal que dever partir. Eles passam a noite juntos com freqüência, mas o acordo implica que às três horas o amante deve ir embora, o que ele sempre faz, contrariado. Durante a madrugada, Linda se dedicará com afinco ao documentário.

Branca é um misto de atriz e cantora que faz sucesso em bares e teatros das redondezas - tem uma pequena legião de admiradores, mas nunca alcançou a fama sonhada. Mesmo assim ganha dinheiro com seus shows. Se vê como uma mãe fracassada: sua filha, Rita, é uma adolescente atormentada e usuária de drogas pesadas, que sempre reclama por atenção, freqüentemente não recebendo. Ambas vivem em conflito. Em uma das cenas iniciais do filme, Branca está ensaiando com um ator a nova peça que estreará em breve, sozinhos no teatro. Já no final do ensaio, uma cena romântica, ela e o colega não resistem e acabam fazendo amor no palco. Rita, que a esperava em um local já combinado previamente, surge no momento, e flagra a mãe nos braços do ator, se desapontando mais uma vez.

Chloé tem um salão de beleza e vive frustrada por ter um amor não correspondido. Viciada em heroína, atravessa uma fase de recuperação, estando longe de drogas há algum tempo. No seu depoimento para o documentário de Linda (todas as amigas participam), um dos seus desejos seria o de justamente ser amada por quem ama, e que saberemos no decorrer do filme, se tratar de Branca.

Barbara possui um restaurante de comidas finas, é uma cozinheira de mão cheia. Divorciada, ainda ama o marido e sonha com a reconciliação. Após um desmaio no mercado, descobrirá possuir uma doença grave, e que o seu tempo de vida agora é curto. Em seu depoimento à Linda para o documentário, declara o medo de terminar os dias sozinha. Neste momento Barbara ainda não sabia de sua doença; o diagnóstico a deixará em desespero. Luis, seu filho, é um colecionador de pedras e trabalha em um museu da cidade. Inês, a filha, trabalha no salão de Chloé, e está prestes a casar.

Eva é professora de Literatura na faculdade onde Luis estuda. Aos poucos os dois irão se descobrir apaixonados, gerando, a princípio, um conflito interno em Eva, amiga de longa data de Barbara. Além do aparente obstáculo da idade, a antiga amizade poderia ficar estremecida com um possível romance entre eles. Como Barbara entenderia aquela relação? O que diriam as outras amigas? Apesar da incerteza no futuro, a paixão entre os dois falará mais alto e o envolvimento acontecerá.

A princípio, é importante destacar que as cinco personagens já se conhecem há muitos anos, tendo estudado juntas na adolescência. As profissões distintas e os casamentos fracassados (com exceção de Chloé, e de Eva, que é viúva), não foram empecilho para que conseguissem manter um contato permanente. Os teatros onde Branca apresentava seus shows eram o espaço de celebração à esta amizade. Ao fim das apresentações era quase certo uma reunião em algum bar, no intuito de colocarem os assuntos em dia, discutirem planos e falarem dos filhos. É certo que algumas confidências ficavam restritas a uma amiga mais que à outra: Eva prefere falar da sua paixão por Luis com Linda, a jornalista; Chloé fala de seus sentimentos por Branca com Barbara; Branca expõe o vício da filha com Chlóe, também viciada.

Tendo estes detalhes de “Elas” apresentados, tratemos do outro filme, “Garotas de Futuro”(Career Girls), do diretor inglês Mike Leigh. A história, passada em Londres, gira em torno de Annie e Hannah, duas amigas que se reencontram depois de algum tempo (em torno de dez anos) separadas. Annie retorna à cidade em férias, e ambas se surpreendem com as respectivas mudanças. O visual quase punk do passado, agora dava lugar às roupas sóbrias e elegantes, e elas riam de si mesmas. O filme mescla com felicidade o presente e o passado, focalizando desde o encontro inicial das duas amigas, suas recordações, até o momento da partida de Annie, que seria a cena final.

Através de um anúncio à procura de uma companheira para dividir um apartamento, Annie chega à Hannah, que já morava com uma outra garota. Na verdade o aluguel havia aumentado, surgindo então a necessidade de mais uma pessoa para repartirem as despesas com a moradia. Annie, estudante de Psicologia, retraída e capaz de se magoar facilmente, tem um problema de pele que a deixa com manchas no rosto, aumentando sua insegurança. Fuma excessivamente, e não consegue olhar as pessoas nos olhos. Hannah, agressiva, não mede as palavras, e sem querer, no início estará sempre levando a nova companheira às lágrimas, com observações sobre sua pele. Estudante de Literatura, é uma leitora voraz, além de consumidora de maconha e vinho. Com o passar dos dias a relação das duas caminhará para a amizade, e que só aumentará com a partida da outra garota. Neste sentido, o retraimento de Annie irá entrar em sintonia com a agressividade de Hannah, reforçando os laços iniciados na leitura daquele anúncio. Elas chegarão a manter um caso com o mesmo homem, Andrews, que optará depois pela amiga introspectiva. Hannah aceitará a situação por perceber a companheira perdidamente apaixonada, enquanto para ela, aquele jovem beberrão era apenas mais uma transa. O romance duraria pouco.

As circunstâncias profissionais, no entanto, forçarão as amigas em direções contrárias, e elas ficarão distantes muito tempo, se reencontrando, como já foi dito, durante às férias de Annie. Neste filme, ao contrário de “Elas”, as personagens não conseguem conciliar suas vidas com as respectivas relações de amizade, deixando um vácuo que perdurará até as expectativas do reencontro, na estação de trem, e a posterior partida. Vale ressaltar também, que em “Garotas de Futuro”, não existe a possibilidade de uma das amigas se confidenciar com uma terceira - Hannah só tinha a Annie, e vice-versa.

Ainda que os dois filmes tratem especificamente das relações de amizade entre mulheres, não é meu desejo estabelecer uma discussão a partir de gêneros, mas sim destacar a confidência como elemento de confirmação de uma amizade, aliado à questão do tempo, tempo enquanto passar dos anos1 . Certas recordações só fazem sentido se compartilhadas com o amigo. Neste ponto creio que podemos atentar para o texto “Amizade e confiança como ideais morais: uma abordagem histórica”, de Allan Silver, aprofundando duas categorias nele discutidas, de grande relevância: a de “igualdade” e a de “substituibilidade”.

1- É certo que ao defender certas posições corro o risco de atrelar alguns conceitos elaborados cientificamente, às noções de senso comum. Como não é meu objetivo maior escrever algo que seja classificado como ciência (isto pode vir a ser uma conseqüência, mas não o objetivo), prefiro correr o risco. Quando digo “tempo enquanto passar dos anos” é no sentido de que o amigo se descobre e se revela como tal só a partir de um determinado tempo. Sendo assim, não creio em amizade de curto prazo, ou amizade via correspondência, por exemplo. É só olhando para trás (no tempo) que nos vemos enquanto amigos, depois de passar por momentos difíceis e momentos felizes, onde a idéia de compartilhar é fundamental.

Silver, apresentando uma abordagem histórica da amizade, procura analisar certos elementos que seriam característicos deste tipo de relação, e que portanto, teriam variado de acordo com o contexto histórico. De acordo com seus argumentos, a igualdade social não seria um pressuposto para as relações de amizade no período feudal, por exemplo, mas, esta realidade se manteria nos dias atuais? Ou seja, existiria a possibilidade real de se estabelecer uma amizade entre um operário de uma fábrica de tecidos e seu patrão? Admitindo que possam existir noções de amizade que tenham variado com o tempo, é fácil constatarmos que as relações sociais do passado eram bem mais próximas que as de hoje, mesmo entre os senhores e seus vassalos. O espaço pelo qual circulavam estas pessoas era bem reduzido, e o contato com freqüência era bem “olho no olho”. Com a especialização cada vez maior das forças produtivas, as relações vão se tornando dia a dia mais impessoais; e com o advento das grandes metrópoles, o indivíduo que antes trabalhava em família e tinha como hábito cumprimentar seu senhor todos os dias, agora se vê perdido num mundo de prédios e fumaça, barulhento e de cores escuras. Imaginar que possa existir amizade entre o trabalhador que acorda às cinco horas da manhã para apanhar o trem lotado, e o seu patrão que toma decisões numa sala com ar condicionado, beira a ilusão. Ainda que a noção de “amigo” possa às vezes ser trazida nas conversas, sempre o será na intenção de um melhor serviço, e não na de uma relação verdadeira. A distância que separa os grupos sociais hoje em dia assume proporções imensas; e mesmo que fujamos do par “empregado”/ “patrão”, pensar uma relação entre pessoas da mesma idade, mas de posições sociais distintas, também fica complicado: provavelmente elas freqüentarão escolas diferentes, bares e praias diferentes, ou seja, dificilmente terão oportunidade de se encontrarem. Neste sentido, entendo que uma relação de amizade, no geral, é apenas possível entre pessoas que pelo menos tenham o hábito de freqüentarem um lugar em comum, seja a escola, um clube ou bar. Aqui, portanto, a noção de igualdade levantada por Silver, prevaleceria, mas igualdade em condições sociais. Pode haver amizade entre o teórico e o prático, entre o gordo e o magro, entre o alegre e o triste, porém, muito dificilmente, entre o rico e o miserável, entre o empresário e o operário.

Amizade e Impessoalidade

Tendo deixado um pouco clara esta primeira idéia, vale partir para o segundo aspecto destacado por Silver, que seria a noção de substituibilidade. Identificando a amizade dentro das relações mais pessoais que imaginamos, em oposição, portanto, à impessoalidade fria das grandes cidades, temos em evidência que o amigo nos traz calor, é aquele com quem contamos nas horas de angústia, e que sempre lembramos de chamar para um momento de alegria. Não nos recordamos de uma grande paixão com um vizinho, não relembramos o vexame do último porre com o garçom; até que podemos fazê-lo, mas os detalhes, os pormenores, só aos amigos contamos. Ou seja, mesmo que estejamos em uma festa cercado de pessoas, a falta do amigo será sentida de forma única, não o substituímos facilmente por aquele “colega” sorridente e gentil. Ao darmos um local privilegiado à intimidade como elemento a determinar possíveis relações de amizade, o acesso a este universo interior se torna muito restrito. Aquelas questões de ordem prática que outrora determinavam relações, agora vão posicionar-se no campo do “impessoal”, portanto, fora da esfera íntima. Pouca diferença faz se somos atendidos no caixa do banco pelo funcionário A ou B, o que desejamos é receber a fatura confirmando o pagamento. Se vou à banca de jornal e percebo que agora é um outro jornaleiro que ali está, até posso perguntar por aquele senhor que sempre me avisava da chegada das minhas revistas, mas isso não afetará em nada meu objetivo, que era o de comprar as revistas. Já o amigo que se ausenta, podemos até recorrer a um outro, que também o conheça, e juntos falarmos de saudades ou das bagunças que fazíamos, mas o seu “lugar”, este ninguém ocupa.

Eva, a professora de Literatura do filme “Elas”, apaixonada pelo filho adolescente de uma grande amiga, sente, a principio, dificuldades em se confidenciar com alguém. O romance entre uma professora e seu aluno pode ser uma situação complicada, ela tem convicção disso. Ao se abrir com Linda, a jornalista, esta lhe incentiva, além de lhe ceder a chave de uma casa em que raramente costuma ir. É lá que Eva e Luis manterão seu romance secreto, após as aulas. Bárbara, a mãe, já com a doença avançando, parte para uma busca desesperada pela felicidade que insiste em lhe fugir. Perceber o filho apaixonado a deixa apreensiva. Será nos intervalos das entrevistas para o documentário de Linda, que certas possibilidades começam a pairar no ar. Eva fala de uma paixão difícil de se tocar adiante, e Barbara, já atenta às mudanças de comportamento do filho, começa a desconfiar. Numa conversa reservada entre as duas, a mãe pergunta como vai o filho durante as aulas de Literatura, e Eva responde de forma evasiva, quase tensa. Naquele momento, Barbara passa a ter certeza que os dois estão mantendo um romance, pois conhece a amiga tão bem quanto ao filho. Durante uma festa, na cena final do filme, já reconciliada com o ex-marido, e questionada por Eva se faria oposição a um romance do filho com uma mulher mais velha, diz que apenas se preocupa com a felicidade dele, para em seguida lançar um olhar de cumplicidade para a amiga, como se dissesse já saber da paixão entre os dois. Eva explode em felicidade, e devolve a chave da casa de Linda: a partir daquele momento Luis passaria a freqüentar sua casa. A felicidade de Barbara estava ligada à da amiga professora e a do filho, e serviria como um estímulo a mais para enfrentar sua doença. Poderíamos levantar a questão se esta situação seria possível caso a mulher mais velha por quem o filho estivesse apaixonado fosse uma desconhecida, e não uma de suas melhores amigas.

Será à Barbara também que Chloé falará do seu amor por Branca, a cantora. E Barbara, assim como Linda fizera com Eva, aconselha a amiga a ir em frente. Ou seja, a felicidade está acima de tudo. A princípio Branca não cederá aos encantos da amiga, inclusive chegando a insultá-la. O aspecto da confidência é destacado a todo momento na história, e é importante perceber como em nenhum momento o que é dito por um amiga à outra, será compartilhado com uma terceira. A opção sexual de Chloé só ficará conhecida durante a festa (na cena final), quando Branca decide finalmente se envolver com a amiga, talvez cansada das suas relações heterossexuais fracassadas. Barbara não se contém de alegria diante das duas amigas se beijando na frente de todos os convidados.

Se pensarmos também nas personagens de “Garotas de Futuro”, veremos que, Hannah abre espaço para a felicidade da amiga, ao optar em não mais se relacionar com Andrews. A princípio o rapaz era “usado” como objeto sexual, com o intuito apenas de satisfazer os desejos das duas amigas, ia de uma cama à outra no apartamento que dividiam. A paixão de Annie encerrará o “triângulo”, ainda que o caso não durasse muito tempo. Numa demonstração de pura amizade, Hannah deixa de lado seu prazer sexual em favor da amiga insegura.

A partir desta pequena apresentação das personagens dos dois filmes, podemos tirar algumas conclusões, destacando elementos que seriam essenciais numa relação de amizade. A igualdade (em condições sociais) e a noção da não possibilidade de substituir o amigo foram bem trabalhadas por Silver. Estas idéias ficam claras também nos filmes: Annie e Hannah são estudantes, obrigadas a dividir o aluguel de um apartamento; as cinco amigas de “Elas” mantêm o mesmo círculo íntimo de tempos atrás, da universidade. Não haveria nenhuma personagem situada em uma posição muito diferente das outras. E neste sentido, cada amiga reconhece a importância da outra na sua vida, e sabe com qual pode falar sobre determinado assunto. Não se busca um ombro amigo, mas o ombro amigo. E aqui podemos acrescentar mais dois elementos àqueles já trabalhados por Silver, que seriam a confidência e a preocupação com a felicidade do amigo.

Acredito que o tempo no sentido que já indiquei tem uma importância muito grande neste aspecto da confidência. Será o fato de sabermos que podemos contar certas experiências, sonhos e paixões para aquele amigo, que determinará os rumos da relação. Ter a certeza que suas confidências não estão sendo compartilhadas com uma terceira pessoa reafirma o caráter de amizade. E esta certeza só vem com o tempo, e não é o tempo de um ou dois dias, mas o que atravessa a idade, e que nos joga a saudade quando percebemos “há quanto tempo não vejo tal amigo”. E como nos sentimos felizes ao saber da felicidade de quem queremos bem. O sorriso de Bárbara diante das amigas se beijando e do filho ao lado de sua professora e amada, serve como um exemplo ótimo. É provável a possibilidade de se perder algo com o alcance da felicidade por parte de um amigo, principalmente quando esta felicidade significa um romance. O tempo disponível para o amigo se torna menor no auge de uma paixão, e nesta ótica, será a felicidade dele que o fará feliz.

Quando digo que o tempo é fundamental para termos convicção de que tal pessoa é realmente nossa amiga, não quero excluir outras possibilidades. Uma criança pode muito bem identificar na outra elementos que serão trabalhados no sentido de construir uma amizade que percorrerá o tempo. Poucas foram as obras de arte que já nasceram assim consideradas. Vincent Van Gogh vendeu apenas um quadro em vida, por um valor irrisório: morreu miserável. Difícil dizer se uma canção atravessará os anos sendo lembrada como um clássico, mas existem aquelas em que sempre acreditamos na possibilidade de, como costumamos dizer, “passar à eternidade”. Pensamos assim a respeito de filmes, de livros, e geralmente das coisas relacionadas à arte. Esta é feita todos os dias, em todas as partes do mundo, e de formas infinitamente diversas. Mas não é qualquer obra que costuma ser lembrada como uma “obra de arte”, daquelas em que as pessoas arregalam os olhos e enchem a boca para anunciar. Assim também o é com as relações de amizade, não é qualquer pessoa que consideramos como um amigo. A amizade, da mesma forma que a obra de arte, precisa do tempo para se afirmar, mas nada impede que estas relações se estabeleçam quando ainda somos bem crianças, ou quando o pintor dê a sua primeira pincelada.

Referências Bibliográficas:

- SILVER, Allan. “Amizade e confiança como ideais morais: uma abordagem histórica”. (tradução de Rodrigo Aga, revisão técnica de Cláudia Barcellos Rezende, de Friendship and trust as moral ideals: an historical approach. Archives Européens de Sociologie, tome XXX, número 2, pp.274-297)

 

Paulo Henrique Dantas - fale com o autor