Nessa mesma fase ocorre a criação dos Deuses, 
                        sendo nominados na seqüência tradicional, Sol, 
                        Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, 
                        e Saturno. Porém a tradição do feminino 
                        e a questão da Mãe-natureza sugere teriam 
                        vindo , tudo e todos, do Caos Primordial* 
                        , e nesse caso, em posição hierárquica, 
                        os deuses seriam filhos “ ab caos”** 
                        . Ainda mais, segundo a Tradição, “todo 
                        Universo, o Cosmos e a Terra seriam a associação 
                        da maternidade a uma exigência de início” 
                        A mãe, a mulher, a fêmea, a função 
                        feminina teria vindo em primeiro lugar, teria gerados 
                        os deuses, tendo sido a primeira forma gestora do universo. 
                      
                      
                         
                           * O Caos Primordial 
                            é o antecessor do Universo ordenado. Esse estado 
                            onde a massa está infusa seria segundo Jung, 
                            um arquétipo , ou tipo arcaico existente em 
                            latência no ser humano. Do original grego, o 
                            significado é “abismo bocejante “. 
                            trata-se de um estado de copleta desordem anteriormente 
                            anteriormente à formação do mundo. 
                            Essa idéia foi combatida por alguns filósofos, 
                            como Aristóteles que considerava existir a 
                            eternidade do mundo. 
                             
                            ** Os Deuses seriam provenientes ( ab ) do caos, ou 
                            principio que se assemelhava a mãe  | 
                        
                      
                      Os primeiros testemunhos do despertar da consciência 
                        ancestral exprimem a idéia da fêmea como 
                        geradora de tudo. Era assim em toda a natureza, também 
                        eram assim a partir de cima para baixo. O crescimento 
                        da idéia atinge um nível absoluto em todos 
                        os lugares, e numa espécie de sincronicidade, “sacraliza-se” 
                        a mulher, colocando-a no Altar da Criação. 
                        A Mãe geradora, paridora, deusa, sagrada, amada, 
                        seria importante para a orientação da terra, 
                        o plantio e a colheita. A agricultura incipiente ainda 
                        nos primórdios era questionada face as questões 
                        sazonais, as intempéries, mudanças de climas. 
                        Mas nessa fase ainda os homens não estavam interessados 
                        diretamente na questão social, senão na 
                        questão do medo proveniente da morte ou “fim 
                        da vida “ . Segundo S. M. Neslle, era ela, a Mãe 
                        quem fornecia segurança ao grupo, à clã, 
                        à tribo.
                      Em sua relação direta com a Mãe 
                        sacralizada, o homem passa a ter mais necessidade de conhecimentos 
                        para viver melhor pelo uso da Natureza. Nesse momento 
                        começa a interrogação à mãe-natureza. 
                        Face o que se depreende do estudo da Tradição 
                        Primordial, a Astrologia , por sua facilitação 
                        simbólica, passa a ser o fruto direto dessa interrogação. 
                        Quando se interrogavam os astros, havia uma natural interrogação 
                        à Mãe, e somente ela seria capaz de responder 
                        com facilidade qualquer dúvida existencial humana. 
                        A Astrologia, desde sempre, recebe duas nominações: 
                        uma, mítica, “Grande-mãe” outra 
                        comum, carinhosa e popular: Velha-Senhora.
                      Paleolítico 
                        - 80.000 - 25.000
                      A figura da mulher, simbolizada pela mãe, sacralizada 
                        no altar do questionamento, passa a exercer um Poder sobre 
                        a criação.. Lentamente a mulher erige-se 
                        em Deusa e no transcorrer de um tempo imenso onde o mito 
                        e a lenda se associam na imaginação do Ser 
                        Humano, cresce e se fixa a idéia da mulher-deusa, 
                        de tal forma que sua extensão natural é 
                        a nível de Grande Deusa* 
                        durante todo o Paleolítico. Associada à 
                        Lua pela função feminina, pela relação 
                        com a natureza geratriz, a gravidez, a mulher-mãe-deusa 
                        assume o pódio e passar a dirigir os ciclos existenciais. 
                        A partir disso há registros do Homem medindo sua 
                        existência pelos ritmos da Mãe-eterna, simbolizada 
                        pela Lua em suas quatro fases, crescente, minguante, cheia 
                        e nova. As diferentes etapas da Lua pareciam reproduzir 
                        para o homem já evoluído as fases de fecundação 
                        da Mulher. Segundo Claudia L. Araujo, “ as deusas 
                        representam uma energia que contém em si tanto 
                        o aspecto positivo do feminino ( Lua crescente ) quanto 
                        o aspecto negativo ( lua minguante ). O encontro com a 
                        Deusa traz renovação para a vida, capaz 
                        de alimentar a paixão, o amor e proporcionar a 
                        fertilidade”.
                      
                         
                          |  * Nessa fase a Grande 
                            Deusa é filha da Grande-Mãe, e se relaciona 
                            com os Deuses planetários ou celestiais. Essa 
                            fase é mais pela “ sacralização 
                            ‘ ou veneração da imagem feminina, 
                            à nível do endeusamento. | 
                        
                      
                      Interessante acentuar o fato de que nessa fase, a imagem 
                        da Deusa, adorada “como um cone ou um pilar de pedra 
                        cuja imagem é bastante próxima da do falo 
                        é um referência ao seu poder fecundante. 
                        Nessa mesma fase ela é ainda representada pelo 
                        seu aspecto animal. Ártemis era uma ursa, Cibele 
                        uma Leoa e Isis era Hator, a deusa-vaca egípcia, 
                        uma vez que a natureza da mulher era tida basicamente 
                        como um instinto animal. (Claudio L. Araujo).
                      O 
                        mesolítico - 8.000 a 6.000 anos
                      Nesse período ocorre a civilização 
                        agrícola e em conseqüência aumenta-se 
                        a sacralidade feminina. Vênus passa a ter importância 
                        primordial na terra., na comunidade, na tribo, na evolução 
                        social. A Mãe-Vênus estiliza um arquétipo, 
                        sacraliza o tempo, o espaço e a comunidade. Sem 
                        ela nada poderia existir. Através dela cria-se 
                        o primeiro embrião da sociedade. Estabelece-se 
                        o culto da Deusa-mãe, inaugurando-se uma fase importante 
                        onde a sociedade se organiza e se desenvolve consideravelmente 
                        em redor da Grande-Vênus ainda inominada, mas soberana 
                        na Cidade-Estado . Os códigos religiosos e jurídicos 
                        são sua obra. Embora se constate a existência 
                        do Rei, ele não é senão um representante 
                        do filho da Grande Deusa. A Lua, Vênus, Mercúrio 
                        e o Sol formam um movimento adequado a fazer permanecer 
                        a sacralidade feminina.
                      O 
                        Neolítico - 4.000 a 3.000 a.C.
                      Nessa fase se nominaliza a Deusa-mãe em todos 
                        os lugares. Na Mesopotâmia recebe o nome de Tiamat, 
                        Nana, Ihstar e Astarte. Na Frígia, é conhecida 
                        como Cibele. No Egito é a Isis com seu famoso véu: 
                        “Nenhum mortal me desvelará “. Na Grécia 
                        é Demeter. Marcelo Baglione* 
                        em notável síntese, acentua a força 
                        do feminismo e sua intensidade de tal sorte que a própria 
                        mitologia grega favorece às deusas uma “revolta 
                        contra a sua situação de eterna e incessante 
                        geradora de vida”. Assim “ Geia força 
                        Cronos a castrar seu Pai com uma foice, pondo fim ao suplício 
                        procriativo de sua Mãe”. Efetivamente o mesmo 
                        ocorre com Isis e seu filho Orus na notável Lenda 
                        de Osiris** que é 
                        parte integrante dos estudos nos centros esotéricos 
                        e iniciáticos. 
                      Portanto, o culto da Grande-deusa personifica a Psique 
                        arcaica. Embora precariamente, a Astrologia, durante essa 
                        fase, recorre a Deusa-Mãe, através do culto 
                        à Lua e principalmente a Vênus. Pelo menos 
                        é uma forma de mostrar a imagem simbólica 
                        da mulher-mãe estilizada sobretudo na Vênus.
                      Uma parte do Neolítico ( 4.000 a 2.000 ) vê 
                        o surgimento dos Mitos. Eis um instante em que se constrói 
                        uma base astrológica quanto o mito exerce fascínio 
                        na infância. O corpo astrologico, ainda hoje, retoma 
                        nossa mitos da infância, quando estamos ligados 
                        a Mãe-tôda-poderosa. Em verdade, os deuses 
                        planetários e sua simbólica, hoje enriquecida 
                        com o advento de profundos estudos , assinalam o tema 
                        do Nascimento. Interrogar os astros é interrogar 
                        a mãe. 
                      O 
                        ato de Nascimento da Astrologia  
                      Como se infere, existe uma passagem do culto da Deusa-mãe 
                        para a Grande-Deusa. A pesquisadora francesa e astróloga 
                        Solange Maylle Nesle concebe esta passagem “ como 
                        uma separação progressiva acarretando necessariamente 
                        uma simbolização correspondente do homem 
                        à realidade concreta da mãe.” O que 
                        podemos evidenciar é que a história do homem 
                        é a própria história da humanidade. 
                        O bebê, tal como a humanidade, tem a Deusa-mãe 
                        em sua chegada como um “ a priori” divino. 
                        Ao longo do tempo, separa-se do arquétipo e simboliza 
                        sua mãe como Grande Deusa. Ao longo de sua evolução, 
                        separa-se da mãe, sacraliza o Pai, se mantém 
                        sob o guante do Pai-Castrador e finalmente retorna para 
                        a Grande-mãe Urania, a libertação. 
                        Embora pareça um retorno, em verdade é uma 
                        lenta evolução o que pressupõe a 
                        existência de um quadro de referência individual. 
                        Esse quadro de referência é o Sistema Solar 
                        onde se encontra o arquétipo da Deusa-mulher e 
                        mãe, representado na primeira fase do Homem pela 
                        Lua
                      A lenta evolução da Astrologia faz emergir 
                        do Tempo uma relação com a natureza. Florestas, 
                        rios, montanhas, lago, toda a natureza estabelece uma 
                        linguagem que permite desenvolver o sobrenatural escondido 
                        no seio materno. A “ alma da mãe “ 
                        é projetada num espaço mais longínquo, 
                        o céu. A Deusa e os Deuses adquirem uma identidade 
                        e investem a realidade objetiva de sua psique. Constituem 
                        a “Matrix Primordialis “*** 
                        de que se dá conta Jung, um “espaço” 
                        de energia que contém em estado potencial a universalidade 
                        humana. Tal “matriz “ encerra uma energia 
                        que a pesquisa moderna entende como Banda Zodiacal e se 
                        relaciona com a função genética**** 
                        do ser humano. A Astrologia é uma das mais formas 
                        estruturadas para interrogar o mundo divino dos arquétipos. 
                        Os primórdios da prática astrológica 
                        manifestam a expansão do campo da consciência, 
                        uma abertura ao mundo e ao universo. A Astrologia permitiu 
                        ao Homem descobrir que a Mãe-natureza pode lhe 
                        falar por intermédio do céu.
                      
                         
                           * Emissários 
                            da Nova Era - Record, Nova Era, 1996. Marcelo Baghone 
                            é um pensador moderno na primeira linha dos 
                            pensadores brasileiros no que ele mesmo denomina “transvanguarda 
                            “ da Astrologia. 
                             
                            ** Essa Lenda passa a ser conhecida como Lenda do 
                            3º grau e tornou-se um Landmark, ou Limite obrigatório 
                            e válido para se reconhecer o ambiente maçônico. 
                            Sem essa lenda não existe autenticidade no 
                            “ parquet “ maçônico.  
                             
                            *** Jung, citado por Marie Louise von Franz, Number 
                            and Time, diz que ( trad. nossa) enquanto um setor 
                            da região inconsciente é realmente pessoal 
                            e consiste de complexos pessoais, um outra porção 
                            é univrsalmente humana e parece ter a mesma 
                            estrutura em cada indivíduo. Jung chama de 
                            Inconsciente Coletivo, uma “ matrix “ 
                            criativa viva de nossas funções conscientes 
                            e inconscientes.  
                             
                            **** As mais avançadas pesquisas tendem a consagrar 
                            uma relação entre a ciência genética 
                            e espaço coberto pela Banda Zodiacal. Durante 
                            esse livo teremos oportunidade de abordar a temática 
                            nesse sentido.  | 
                        
                      
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