O jornal Outra nasceu em maio de 1984, como veículo de expressão da Coovida, uma cooperativa voltada para ecotécnicas surgida como dissidência da Vegecoop – a antiga Cooperativa dos Vegetarianos da Guanabara. O objetivo da Coovida, num primeiro momento, era desenvolver um projeto de produção e distribuição de alimentos naturais. Contudo, a falta de experiência prática com a terra e a presença no grupo de vários jornalistas logo provocaram uma mudança de rumo. Daí para a Outra foi um pulo. Outra, na verdade, surge como revista (daí o nome no feminino), transformando-se em jornal apenas a partir da quarta edição.
Equipe
O editor de Outra desde a primeira edição foi Fernando Fernandes. Lúcia Araújo foi a secretária faz-tudo e alma da Coovida. Após o fim da Outra, Lúcia iniciou uma bem sucedida carreira como radialista, tendo trabalhado em diversas emissoras cariocas. Um ativo grupo de colaboradores – jornalistas, fotógrafos e especialistas em questões ambientais e ecotécnicas – participou do projeto, contribuindo para que a publicação pudesse cobrir algumas das questões mais palpitantes do meio alternativo na segunda metade dos anos oitenta. Algumas pessoas participaram em especial da pré-histórica da revista, no primeiro semestre de 1984:
Sergio Leo – jornalista formado pela UFRJ, teve participação curta mas relevante no projeto inicial da revista. É dele a sugestão do nome Outra, da logomarca e de parte da pauta da primeira edição. Contudo, logo depois do lançamento da revista, Sergio radicou-se em Brasília, onde vem trabalhando desde então.
Claudia Altschuller – Na época, era estudante de Comunicação – área em que atua até hoje – e montou a base inicial de assinantes da revista, além de ter participado da organização de vários eventos.
Édson Lustosa – jornalista ligado ao naturismo e à questão indígena. Depois retornou para seu estado de origem, Rondônia, trabalhando até hoje na imprensa local.
Moacyr Waldeck – Organizou o quadro social da Coovida e a publicidade de Outra. Atualmente é o responsável pelo site vidaleve.com.br, além de psicólogo clínico.
Celso, fotógrafo.
A fase de publicação regular como revista estendeu-se do segundo semestre de 1984 ao primeiro de 1985. Nesta fase, toda uma nova turma se aproximou:
Rose Maria, jornalista.
Bia Marques, jornalista e fotógrafa.
Fernando Cézar – Jornalista.
A terceira fase de Outra é como jornal tablóide, que se estende de junho de 1985 ao início de 1987. Os sobreviventes das fases anteriores – Fernando, Lúcia Araújo, Bia Marques e Fernando Cézar – passaram a contar com uma intensa troca de informação com grupos de toda parte, especialmente ONGs ambientalistas, comunidades rurais e núcleos de terapias alternativas. Outra obtém um excelente feedback e reconhecimento de seu público-alvo, mas do ponto de vista comercial é um fracasso: os anunciantes dão seguidos calotes, assim como as bancas de jornal que participam da rede de distribuição.
A última fase de Outra é como boletim. Pressionada pela falta de recursos, a publicação se reduz ao estritamente essencial – o texto – a passa a circular como newsletter, ora em forma impressa, ora simplesmente xerocada. Assim resiste mais dois anos, agindo como um canal de divulgação entre ONGs. Nesta fase, o ponto forte da publicação foi a questão ambiental.
No raiar da década de 90, publicações como Outra começam a tornar-se desnecessárias, em função da divulgação cada vez maior dos valores ecologistas e das propostas naturalistas pela grande imprensa. Do ponto de vista institucional, as antigas “ONGs de combate” (normalmente grupos com pouca organização e voltados para alguma forma de militância direta) começam a dar lugar às novas “ONGs de projetos” – instituições bem estruturadas e com fontes estáveis de financiamento. Na onda de profissionalização das ONGs, a diretoria da Coovida renuncia para permitir que um novo grupo, voltado para um projeto acadêmico na área de fitoterapia, assuma a entidade. É o fim da militância romântica.